Privatização dos aeroportos pode complicar discurso do PT em 2014, diz MCM

Consultoria comparou o leilão realizado nesta semana com as privatizações do governo de FHC, criticadas pelos petistas

Renato Rostás

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SÃO PAULO – Depois de repassar à iniciativa privada o controle de três grande aeroportos brasileiros, o PT (Partido dos Trabalhadores) terá problemas em conseguir conquistar a opinião pública para as próximas eleições, segundo a análise da MCM Consultores Associados. Isso porque, nas três últimas votações, a legenda se valeu do discurso antiprivatização para impulsionar seus votos.

Durante o pleito de 2006, as falas dos petistas foram mais fortes. Na época, o ex-presidente Lula tentava se reeleger, em disputa com o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). A propaganda eleitoral acusava o tucano de ter tentado vender o Banco do Brasil (BBAS3), a Petrobras (PETR3, PETR4) e os Correios.

Em 2010, a ofensiva foi contra o então candidato José Serra, também do PSDB. Segundo Dilma Rousseff, que buscava a Presidência, o partido era a favor de privatizar as reservas do pré-sal. Agora, em 2014, a direção do discurso deve mudar, e o PT pode sofrer os mesmos ataques que já protagonizou no passado, avalia a equipe da MCM.

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Concessão x privatização
Na verdade, o Governo alega que, ao contrário de Vale (VALE3, VALE5) e outras empresas arrendadas durante a administração de Fernando Henrique Cardoso, o leilão de aeroportos garantiu uma concessão – ou seja, por tempo limitado – do controle de aeroportos. Além disso, a estatal Infraero continuará com forte presença, de 49%, nos consórcios.

Mas a MCM alerta que até mesmo alguns integrantes do PT não se convencem dessa justificativa. “Se faz concessão ou leilão na Bolsa de Valores dá na mesma, é porque vai transferir para o setor privado”, criticou Quintino Severo, secretário-geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e integrante do movimento petista “Construindo Um Novo Brasil”.

Além disso, a consultoria alerta para a responsabilidade que a própria Infraero terá com sua participação, e também a do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nos investimentos nos terminais de Cumbica, Viracopos e Juscelino Kubitschek. O banco de fomento vai financiar 80% dos gastos com infraestrutura, e a empresa administradora dos aeroportos, a parte que lhe cabe com a presença de 49%.

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Mas o leilão foi um sucesso
Mesmo assim, a MCM concorda que os valores no leilão de outorga foi um sucesso. A União vai arrecadar R$ 24,5 bilhões ao longo de todo o tempo de concessão, e, além disso, através dos fundos de pensão Funcef, da Caixa, Petros, da Petrobras, e Previ, do BB, continuará com grande participação em Guarulhos. Essa manutenção do Governo na administração pode, porém, causar problemas com os demais sócios no futuro, afirma a consultoria em relatório.

Por sua vez, a MCM pondera que, com o forte ágio pago pelas holdings e a infraestrutura aeroportuária funcionando de maneira mais fluida até as próximas eleições presidenciais, há uma chance de que o PT consiga ganhar força política em cima dessa privatização, que, na verdade, é uma concessão.

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