Prisão de Geddel, Temer no G20 e reforma trabalhista: as 6 notícias que agitaram a política hoje

Entre as novidades, o relator da reforma tributária na Câmara falou que irá apresentar a proposta em agosto

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – O segundo semestre começou sem grandes mudanças no cenário: a política segue como o principal tema no radar dos investidores. Nesta segunda-feira (3) uma série de novidades chamaram atenção, incluindo uma nova mudança de decisão do presidente Michel Temer, que agora vai à reunião do G20 na Alemanha, e a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima.

Confira os principais destaques do noticiário corporativo desta segunda:

Prisão de Geddel
O ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer,  Geddel Vieira Lima foi preso na Bahia nesta tarde pela Polícia Federal dentro da Operação Cui Bono. A decisão é do juiz Vallisney de Souza, titular da 10ª Vara Federal de Brasília.

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

Jaqueta XP NFL

Garanta em 3 passos a sua jaqueta e vista a emoção do futebol americano

Segundo o Ministério Público Federal do Distrito Federal, Geddel foi preso em caráter preventivo. A prisão ocorre com informações colhidas em depoimentos do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva.

A Operação foi deflagrada no dia 13 de janeiro e tem o propósito de apurar irregularidades cometidas na vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, durante o período em que foi comandada por Geddel.

Reforma trabalhista no plenário
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), deve pautar requerimento de urgência para a votação da reforma trabalhista no plenário da Casa nesta terça-feira (4). Se o pedido for aprovado, o projeto só pode entrar na pauta após duas sessões ordinárias. A expectativa é de que a apreciação do texto fique para o início da semana que vem.

Continua depois da publicidade

Nesta segunda, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), destacou que a definição do calendário cabe a Eunício, mas confirmou que a urgência deverá ser votada na terça e o mérito na semana seguinte. Caso houvesse acordo, a votação poderia ser antecipada. “O entendimento será pactuado na reunião de líderes amanhã”, escreveu no Twitter.

“Em relação à reforma trabalhista, a definição do calendário é do presidente Eunício. A ideia é que amanhã a gente vote a urgência. A votação do requerimento de urgência deverá ser amanhã depois da ordem do dia e não mais em sessão extraordinária que foi cancelada”, disse Jucá.

Ele afirmou que o governo ainda está discutindo os termos da Medida Provisória (MP) que o presidente Michel Temer se comprometeu a editar para atender os pleitos dos parlamentares após a eventual aprovação da proposta. “Em relação ao imposto sindical, não temos ainda uma definição”, destacou o líder do governo.

Temer no G20
Depois de anunciar oficialmente que Temer havia desistido de participar da reunião do G-20, em Hamburgo, na Alemanha, no próximo dia 7, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto afirmou que o presidente agora vai à reunião das 20 maiores economias do mundo. O “escav” (escalão avançado), que é a equipe precursora da viagem, quase saiu na semana passada para preparar a chegada do presidente brasileiro e agora irá na terça à noite.

O presidente estava sendo pressionado pela equipe econômica e pelo ministro das Relações exteriores, Aloysio Nunes, para participar do encontro na Alemanha. O argumento da ala econômica é de que, independente da crise política e jurídica, é melhor mostrar que “o país não pode parar” e que o evento econômico era fundamental para agenda de retomada da confiança.

Apesar do retorno da agenda internacional, Temer não vai mesmo ao encontro bilateral com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que estava previsto para o dia 6 de julho. Isso porque, de acordo com interlocutores, para chegar a tempo do encontro com a chanceler, Temer teria que sair do Brasil na terça à noite, o que deixaria o presidente fora do país por muito tempo.

A decisão de Temer ir ou não ao G-20 não é consenso na cúpula do governo. Assim como aconteceu na viagem que fez na semana retrasada pela Rússia e pela Noruega, alguns interlocutores do presidente salientam que há sempre “um risco político alto” de deixar o país na atual situação. Do exterior, Temer sofreu uma derrota na votação da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado.

A viagem de Temer acontece enquanto ele prepara a sua defesa em relação à denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Na semana passada, Temer deu uma demonstração de que não evitará o confronto com Janot, que o governo classifica como o maior algoz de Temer, e anunciou às pressas o nome de Raquel Dogde para o cargo de procurador-geral da República.

Elevação da previsão de superávit
Com um saldo comercial expressivo no primeiro semestre, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) aumentou a previsão de superávit na balança deste ano de US$ 55 bilhões para US$ 60 bilhões. Se confirmado, esse será o maior resultado da história. O recorde anterior foi registrado no ano passado, quando a balança teve superávit de US$ 47 bilhões. “A tendência é continuar o ano com superávits fortes e esperamos esse resultado recorde para o ano”, afirmou o diretor do Departamento de Estatística da pasta, Herlon Brandão.

A balança comercial brasileira encerrou o primeiro semestre com superávit de US$ 36,219 bilhões, que representa o melhor resultado para o período da série histórica, iniciada em 1989. O montante foi alcançando principalmente com aumento de 19,3% nas exportações. As importações cresceram 7,3% no mesmo período.

Além da alta nos preços dos principais produtos da pauta exportadora, que vinha sendo registrada até maio, em junho houve ainda melhoria na quantidade exportada, que acumulou crescimento de 1,8% no primeiro semestre.

Isso se deve, principalmente, ao crescimento nas vendas de produtos como soja, que teve safra recorde neste ano, petróleo e minério de ferro. Brandão destacou também o aumento das exportações de automóveis e celulose. No semestre, o crescimento nas vendas foi mais forte em produtos básicos (27,2%), seguido de semimanufaturados (17,5%) e manufaturados (10,1%).

Já a importação continua com aumento na quantidade (2,9%) e nos preços (4,2%) no semestre. “O aumento da importação mostra melhoria do cenário nos últimos meses”, afirmou o diretor.

Reforma tributária
O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), relator do projeto da Reforma Tributária da Câmara, disse em palestra no Rio que o atual sistema tributário do País é caótico e que o Brasil não irá crescer enquanto não fizer o que chamou de “mãe das reformas”. O deputado afirmou que irá apresentar em agosto as propostas para a reforma.

“Com a situação política, seja ela qual for, o governo está enfraquecido, mas o Congresso, os empresários, os trabalhadores, as prefeituras e os governos estaduais também estão enfraquecidos. A oportunidade é ímpar, é agora. O Congresso precisa de algo grande e forte para sair desse marasmo”, afirmou durante o lançamento oficial do Encontro Nacional de Comércio Exterior-Enaex 2017, que será realizado em agosto no Rio.

“Apanhamos para aprovar o teto dos Gastos, a terceirização, a reforma trabalhista e a previdenciária, que não saiu até agora, estamos apanhando também. Essa aqui não, é jogo de ‘ganha-ganha’, todo mundo sai ganhando.”

Hauly disse ainda ter conversado quatro vezes com o presidente Michel Temer. “Eu combinei com o Gastão Toledo, designado pelo presidente, e com o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos e o Paulo Rabello de Castro presidente do BNDES que o segundo semestre é nosso. Vou apresentar essas propostas em agosto.”

Ele defendeu que o Brasil não vai crescer se continuar com esse sistema tributário. “Se não adequar ao modelo europeu, não vai a lugar nenhum. As reformas trabalhista e previdenciária são importantes, mas a tributária é a mãe das reformas”, disse.

“Caixinha da propina” das empresas de ônibus
Os empresários de transporte público do Rio de Janeiro investigados na Operação Ponto Final, deflagrada hoje pela Polícia Federal, contribuíam para uma “caixinha da propina”, que era repassada a agentes públicos, entre eles o ex-governador Sérgio Cabral, a cada benefício recebido pelo setor do governo estadual, segundo o procurador da República no Rio de Janeiro José Augusto Vagos.

“O objetivo dos pagamentos era que eles obtivessem benefícios fiscais e tarifários no transporte. Precisamos descobrir que atos de ofício foram esses feitos pelo Sérgio Cabral que geraram esse pagamento de propina no período. Os pagamentos permaneceram mesmo após o término do segundo mandato do Cabral, até a prisão dele em novembro de 2016”, detalhou o procurador em entrevista para apresentar um balanço das ações de hoje.

A Operação Ponto Final é mais um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio e rastreou o pagamento de propinas a políticos e agentes públicos que chegaram a R$260 milhões entre 2010 e 2016.

Até o começo da tarde, foram confirmadas sete prisões preventivas e três temporárias. Entre os presos estão o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) e da Rio Ônibus (sindicato do município), Lélis Teixeira; e o ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio (Detro), Rogério Onofre, preso em Florianópolis.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), os pagamentos seguiam o esquema de propina utilizado com as empreiteiras, revelado nas operações Calicute e Eficiência, e podem chegar a R$500 milhões, se incluídas outras pessoas que não são agentes públicos. Só para o ex-governador Sérgio Cabral, preso desde novembro, foram destinados R$122 milhões. Rogério Onofre, que tinha poder de decisão sobre o aumento da tarifa dos ônibus, teria recebido R$44 milhões.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.