Presidente da CAE critica Haddad por fala sobre o Carf e cobra retratação do ministro

Ministro da Fazenda fez uma analogia entre os empresários condenados no tribunal da Receita com detentos

Estadão Conteúdo

Senador Vanderlan Cardoso, presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (Foto: Agência Senado)
Senador Vanderlan Cardoso, presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (Foto: Agência Senado)

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O senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, uma das mais importantes da Casa, criticou nesta terça-feira (26), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por uma fala envolvendo o voto de qualidade no Carf e cobrou que o ministro se retrate.

A declaração de Haddad foi dada em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, em 17 de setembro. Na oportunidade, o ministro da Fazenda fez uma analogia entre os empresários condenados no Carf com detentos. “É a mesma coisa que você pegar quatro delegados e quatro detentos para julgar um habeas corpus, sendo que o empate favorece o detento”, disse Haddad.

Integrante da bancada mais numerosa do Senado, Vanderlan disse, durante reunião da CAE nesta terça, que ficou “estarrecido” com a comparação feita por Haddad e ressaltou que tem colaborado com o governo na aprovação de propostas importantes, como o próprio projeto de lei do Carf.

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“Apesar disso, de colaborarmos com o governo nas matérias que são importantes para o país, fiquei estarrecido com a declaração recente do ministro da Fazenda, Fernando Haddad”, disse o presidente da CAE.

O senador classificou como um “erro” de Haddad a declaração e disse que “quem sustenta esse país são os contribuintes, é o setor produtivo, são as empresas”.

Vanderlan ressaltou ainda, aos parlamentares presentes na comissão, que ele foi “um dos defensores da aprovação do voto de qualidade para o governo [no Carf]”. “Portanto, ministro, peço que vossa excelência reflita e que se possível se retrate dessa declaração infeliz. Foi uma analogia injusta com os empresários. Da nossa parte, vamos continuar ajudando o Brasil, aprovando propostas que melhorem nossa economia, que gerem emprego, renda e proporcionem desenvolvimento, sem fazer ataques a quem quer que seja”, completou.

Repercussão negativa

Apesar da declaração ter ocorrido há mais de uma semana, a repercussão negativa veio nos últimos dias. Na segunda-feira, 25, a Associação dos Conselheiros Representantes dos Contribuintes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Aconcarf) divulgou uma nota criticando o ministro pela declaração, que foi vista pela associação com “profundo sentimento de tristeza, revolta e indignação”

Para a Aconcarf, “na tentativa de defender o retorno do voto de qualidade, houve extremo desrespeito aos profissionais que atuam no Carf”.

“A fala do Ministro agride os conselheiros dos Contribuintes, que prestam serviço de interesse público à sociedade brasileira, segundo convicções motivadas, conforme a lei, recheada com princípios e regras da administração pública. Também coloca em xeque o modo de seleção dos Conselheiros”, disse a associação.