Premiê da China critica “lei do mais forte” e tarifas de Trump em discurso na ONU

Li Qiang alerta para riscos de retrocesso global, defende multilateralismo e cita desafios climáticos

Marina Verenicz

Li Qiang - REUTERS/Kylie Cooper
Li Qiang - REUTERS/Kylie Cooper

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O primeiro-ministro da China, Li Qiang, usou seu discurso nesta sexta-feira (26) na Assembleia-Geral da ONU para criticar o avanço do unilateralismo e o que chamou de retorno à “lei do mais forte”. Segundo ele, o mundo atravessa “um novo período de turbulência” marcado por disputas comerciais, tensões geopolíticas e riscos ambientais.

Sem citar diretamente os Estados Unidos, Li associou a escalada tarifária imposta pelo governo Donald Trump a um dos principais fatores para o desaquecimento da economia global.

“Quando medidas protecionistas substituem a cooperação, todos perdem”, disse. O premiê também afirmou que a mentalidade de Guerra Fria voltou a se manifestar na política internacional, desafiando a ordem construída após a Segunda Guerra.

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Falando em nome de Xi Jinping, que não participa presencialmente da Assembleia desde 2015, Li destacou que apenas o multilateralismo pode proteger os interesses de países grandes e pequenos.

Ele pediu maior cooperação climática, defendendo o Acordo de Paris e a transição para uma economia verde, e relembrou as lições das guerras mundiais como alerta contra novos ciclos de violência.

Política externa

O discurso reforçou a postura chinesa em relação aos principais conflitos atuais. Sobre a guerra na Ucrânia, Li voltou a defender negociações de paz, rejeitar sanções unilaterais e pedir proteção a civis. Já em relação ao Oriente Médio, reafirmou que a saída para a crise entre Israel e Palestina passa pela criação de dois Estados com base nas fronteiras de 1967.

A fala ocorre semanas após Xi Jinping anunciar novas metas climáticas em evento presidido por Lula, e poucos dias antes da esperada reunião entre Xi e Trump na cúpula da Apec, na Coreia do Sul, quando os líderes devem discutir a guerra comercial que vem deteriorando as relações entre Pequim e Washington.