Por que PT ainda aposta em Lula como candidato mesmo com os crescentes riscos de impedimento?

Riscos de a Lei da Ficha Limpa barrar o ex-presidente crescem com cronograma célere adotado pelo TRF-4, mas partido insiste em apostar em cenário arriscado

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A definição de um cronograma mais célere para a conclusão do julgamento de recurso da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso envolvendo um tríplex no Guarujá (SP) pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região amplia as chances de o petista ser impedido de disputar as próximas eleições, embora o cenário permaneça nebuloso.

As expectativas são de que Lula sofra um novo revés no tribunal, que deverá confirmar, em alguma medida, a sentença proferida pelo juiz federal Sérgio Moro. Contudo, ainda existe um longo caminho para recursos que pode ser trilhado pelos advogados do ex-presidente.

Embora o risco de não poder tentar o retorno ao Palácio do Planalto oito anos depois de sua saída (ou até mesmo de ser preso, caso prevaleça o entendimento de cumprimento de pena após condenação em segunda instância) tenha crescido, ainda não é possível avaliar as probabilidades com alguma precisão. Nem mesmo a possibilidade de liminar possibilitar a candidatura de Lula está descartada. A falta de precedentes para a atual situação gera um ambiente extremamente nebuloso.

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Mas, se os riscos de impedimento parecem crescer, por que Lula e seu partido não dão sinalizações mais claras de planos alternativos? Por que o PT ainda aposta todas as fichas na candidatura de sua principal liderança?

Do lado do ex-presidente, é mais simples entender alguns motivos pessoais para a manutenção da candidatura e movimentações importantes no período pré-campanhas. Líder nas pesquisas de intenção de voto a pouco menos de um ano do pleito, o ex-presidente tem na corrida eleitoral uma estratégia de fortalecimento político, dificultando a geração de clima para sua condenação. Como se tem observado, embora o julgamento em tese deva se atentar a aspectos do direito, acredita-se que há variáveis políticas indissociáveis ao processo. Isso tudo sem considerar a própria ambição política do novo desafio.

Mas e para o PT, quais seriam os ganhos? Em primeiro lugar, Lula representa a maior liderança das esquerdas na atualidade. Além disso, as circunstâncias (sejam externas, ou até mesmo em estrutura interna partidária) evidenciam uma crescente dependência desta figura da sigla, em contraste com os efeitos das denúncias e da condenação em primeira instância no caso do tríplex.

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Outro ponto fulcral que explica tal comportamento de risco assumido pelo PT seria a condição de cabo eleitoral de Lula. Além de ajudar nas candidaturas de governadores, deputados e senadores, o ex-presidente pode ser muito útil para o desempenho do nome do partido para a disputa presidencial caso seja impedido ou desista de concorrer à sucessão de Michel Temer. Quanto mais próximo de agosto Lula se mantiver como candidato petista, mais eficaz pode ser a possibilidade de transferência de votos a Jaques Wagner ou qualquer outro nome que venha a ser escolhido pelo partido para substituí-lo. Atualmente, as pesquisas mostram que tal condição ainda é difícil.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.