Por que Paulo Guedes desagradou o mercado (de novo) em sua ida à CCJ?

O principal problema não foi nada que o ministro disse, mas o fato de ele ter ficado "sem apoio" enquanto enfrentava os deputados da oposição

Rodrigo Tolotti

(Jefferson Rudy/Agência Senado)

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SÃO PAULO – Na semana passada, o ministro da Economia Paulo Guedes já tinha criado um desconforto no mercado ao falar em audiência na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado que não tinha “apego ao cargo”. Nesta quarta-feira (3) foi a vez de ele ir à CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) da Câmara, e mais uma vez acabou desagradando os investidores.

O principal problema não foi nada que o ministro disse, mas o fato de ele ter ficado “sem apoio” enquanto enfrentava os deputados da oposição e suas duras críticas à proposta da reforma da Previdência. Parlamentares do PT, do PDT, do PSOL e do PSB foram os principais protagonistas da fase inicial da audiência.

E por conta destes seguidos ataques, Guedes se exaltou em alguns momentos e chegou a bater boca com alguns deputados, mas logo depois conseguiu “esfriar” a temperatura e pediu desculpas em uma das vezes em que se exaltou. Esse comportamento mais explosivo também eleva a tensão do mercado, apesar de não ter gerado nenhum grande problema.

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A avaliação de especialistas é de que a bolsa tem exagerado um pouco na reação e que neste momento os investidores estão sendo pontualmente afetados pelas notícias de Brasília. Na CCJ, a falta de parlamentares defendendo o ministro indica ainda uma falta da articulação do governo no Congresso, o que não chega a ser uma novidade, segundo analistas, e por isso não altera as projeções de aprovação da reforma.

Segundo o analista da Eleven Financial Research, Carlos Daltozo, o mercado tem seguido ruídos de Brasília de maneira exagerada e os traders não gostaram das falas de Guedes ao debater a reforma da Previdência.

Um embate entre a equipe econômica e o Congresso é quase sempre visto como algo que diminui as chances de aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 6, considerada essencial para equacionar as contas públicas. Além disso, mostra os problemas de articulação do governo, já que houve muitos ataques da oposição e pouca defesa no início da reunião.

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“O cenário-base com o qual o mercado trabalha é o de aprovação da reforma, mas os investidores querem saber quanto do R$ 1 trilhão anunciado pelo ministro em economia será desidratado no Congresso”, afirma Daltozo. Contudo, ele pondera: “a volatilidade na Bolsa nesse momento será acentuada, mas é preciso saber distinguir a realidade dos ruídos”.

Em entrevista para a Bloomberg, Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, disse que, na sessão desta quarta, a intenção dos deputados é de “aparecer”, mas que a reforma depende mesmo das negociações políticas que estão começando atrasadas. “O mais importante para o mercado é a possibilidade de aproximação de Bolsonaro com os principais líderes partidários e com Maia”, afirma.

Em meio a todo este cenário, o mercado preferiu adotar um tom de cautela maior nesta quarta-feira, levando o Ibovespa a cair 0,94%, aos 94.491 pontos, enquanto o dólar comercial fechou em alta de 0,57%, cotado a R$ 3,8787 na venda.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.