Por que o mercado está de olho na eleição de hoje de líder do PMDB?

Eleição da liderança do PMDB é disputada entre Leonardo Picciani e Hugo Motta e pode definir próximos passos do processo de impeachment da presidente Dilma

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O cenário já bastante conturbado na política e na economia ganha um ingrediente decisivo nesta quarta-feira (17) que está sendo monitorado com atenção pelos mercados: a eleição do líder do PMDB na Câmara dos Deputados, às 15h (horário de Brasília). 

Esta eleição ganha particular importância, também para os mercados, pois dá um sinal bastante forte sobre como se dará o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e também sobre o destino do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). No páreo, disputam cada voto o governista Leonardo Picciani (RJ) – que tenta a recondução em meio a um partido fragmentado – e Hugo Motta (PB), que se diz independente, mas conta com o apoio de toda a ala opositora e de Cunha.

Desta forma, a eleição da liderança do PMDB é muito importante, já que o noticiário político vem dando boa parte das cartas para os mercados brasileiros e o evento funcionará como um termômetro para o impeachment. Em meio ao cenário de falta de liderança política da presidente Dilma e de deterioração fiscal, a percepção de uma probabilidade maior de impeachment acaba por “animar” os mercados, refletindo em queda do dólar e alta do Ibovespa. 

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Para a Eurasia, o deputado governista tem mais chances de vencer a primeira disputa do governo na volta do recesso legislativo. “Disputa entre Hugo Motta e Leonardo Picciani será apertada e reforça a probabilidade de 40% de chance de Dilma não concluir mandato. Motta é aliado do presidente da Câmara Eduardo Cunha e mais favorável ao impeachment de Dilma”, afirma. 

Mas, se houver uma reviravolta e Motta ganhar a eleição, este cenário pode ser favorável para uma queda pontual do dólar, afirma o economista-chefe do Banco Fator Corretora, José Francisco de Lima Gonçalves, em entrevista à Bloomberg. Hoje, às 11h41 (horário de Brasília), o dólar comercial registrava queda de 0,88%, a R$ 4,035 na venda. 

Porém, mesmo com a queda pontual do dólar, “o cenário cria uma incerteza muito grande e pode levar Dilma a ter que fazer mais coisas para ficar; isso pode ser associado à área fiscal, o que geraria nova piora”, afirma o economista. 

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Para CM Capital Markets, com uma vitória de Motta, a reação do mercado seria positiva. “A votação no PMD deve aumentar a volatilidade nos mercados. Essa eleição será com muita emoção, parece que será uma votação bem disputada”, diz Camila Abdelmalack. Para a economista,os mercados provavelmente reagiriam positivamente a Motta, enquanto uma vitória do Picciani seria mais do mesmo, “o que definitivamente não é positivo”.

Em relação às medidas de ajuste fiscal, a economista reforça que, mesmo com Picciani, as votações podem não andar na Câmara. “Com o Picciani no ano passado nada andou, se for o outro não vai andar porque ele não está do lado do governo”, afirma .

Segundo o analista político da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, ressalta que, mesmo com Picciani favorito, há incertezas sobre o resultado, sendo um dos sinais disso a liberação do ministro da Saúde, Marcelo Castro, por um dia para votar, mostrando o quão apertada a disputa está. 

 “O risco para o Planalto é que a vitória do Motta postergue a discussão do impeachment. O Planalto tem mais chance de sobreviver se votar no curto prazo. Esse vai ser o grande teste em uma derrota do Picciani”, afirma Cortez. Segundo ele, o resultado importa mais pelo tempo da discussão do impeachment do que pelo controle da bancada. “Dificilmente haverá união da bancada do PMDB independente do eleito”.  

(Com Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.