Por que o Ibope traz resultados diferentes do Datafolha para a corrida presidencial?

Pesquisas possuem metodologia distintas, mas resultados parecidos para o 1º e o 2º turno; maior diferença está nos índices de rejeição

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A diferença nos resultados e em interpretações geradas a partir das pesquisas divulgadas por Ibope e Datafolha costumam provocar discussões nas redes sociais que reavivaram até mesmo o ceticismo de parte dos eleitores com a confiabilidade destes levantamentos.

Levando em conta as pesquisas mais recentes, o desempenho de Bolsonaro foi melhor no Datafolha em comparação com o Ibope. A diferença dele para Fernando Haddad seria de 9 pontos pelo Ibope e de 13 pontos pelo Datafolha.

A margem de erro de ambas as pesquisas é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Isso significa que Bolsonaro teria de 30% a 34% das intenções de voto, segundo o Ibope. No Datafolha, essa variação poderia ser de 33% a 37%.

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Fernando Haddad, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Marina Silva apresentam diferenças de apenas 1 ponto percentual na comparação entre as duas pesquisas. 

1) Pesquisa de intenção de voto:

Candidato Ibope (de 1 a 3/10) Datafolha (4/10)
Jair Bolsonaro 32% 35%
Fernando Haddad 23% 22%
Ciro Gomes 10% 11%
Geraldo Alckmin 7% 8%
Marina Silva 4% 4%
João Amoedo 2% 3%
Henrique Meirelles 2% 2%
Alvaro Dias 1% 2%
Cabo Daciolo 1% 1%
Guilherme Boulos 0% 0%
Vera Lúcia 0% 0%
João Goulart Filho 0% 0%
Eymael 0% 0%
Brancos e nulos 11% 6%
Indecisos 6% 5%

Nas pesquisas que medem a rejeição dos candidatos, as diferenças são mais significativas – no levantamento do Datafolha, os números são sempre maiores.

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Bolsonaro vai de 42% (Ibope) para 45% (Datafolha), enquanto Haddad sobe de 37% (Ibope) para 40% (Datafolha). Quem sofre a maior variação é Alckmin, pulando de 17% (Ibope) para 24% (Datafolha).

O candidato de menor rejeição entre os cinco primeiros continua a ser Ciro Gomes, do PDT: 16% (Ibope) e 21% (Datafolha). 

2) Rejeição

Candidato Ibope (de 1 a 3/10) Datafolha (4/10)
Jair Bolsonaro 42% 45%
Fernando Haddad 37% 40%
Marina Silva 23% 28%
Geraldo Alckmin 17% 24%
Ciro Gomes 16% 21%
Henrique Meirelles 10% 15%
Cabo Daciolo 9% 14%
Eymael 8% 12%
Guilherme Boulos 8% 14%
Vera Lúcia 8% 13%
Álvaro Dias 8% 13%
João Amoêdo 7% 11%
João Goulart Filho 6% 11%

Nas simulações de segundo turno, dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais, ambos os institutos apontam para um empate técnico entre Bolsonaro e Haddad – 43% x 41% para o petista no Ibope, 44% x 43% para o ex-capitão do Exército no Datafolha.

Entre Ciro Gomes e Bolsonaro, tanto o Ibope quanto o Datafolha indicam vitória do candidato do PDT. E na simulação entre Alckmin e Bolsonaro, volta o empate técnico, com diferença de apenas 1 ponto percentual entre eles.

3) Simulações de segundo turno

Cenário Ibope (de 1 a 3/10) Datafolha (4/10)
Fernando Haddad x Jair Bolsonaro 43% x 41% (15% BNI*) 43% x 44% (12% BNI)
Ciro Gomes x Jair Bolsonaro 46% x 39% (16% BNI) 48% x 42% (11% BNI)
Geraldo Alckmin x Jair Bolsonaro 41% x 40% (19% BNI) 43% x 42% (15% BNI)

* Brancos, nulos e indecisos

Questionamentos à parte, é preciso levar em consideração dois aspectos centrais sobre os levantamentos Ibope e Datafolha. O primeiro, é a metodologia adotada por cada um dos institutos em seus levantamentos. Enquanto o Datafolha trabalha com coletas em pontos de fluxo, o Ibope faz amostras domiciliares. Tal fator pode justificar diferenças em números apresentados pelos institutos.

Para o cientista político Jairo Pimentel, pesquisador do Cepesp (Centro de Política e Economia do Setor Público) da FGV-SP, não é possível responder com precisão por que as pesquisas dão resultados distintos, mas há hipóteses que poderiam indicar caminhos. Ele pontua que não há no Brasil estudos aprofundados sobre a realização de pesquisas e os impactos de diferenças metodológicas aplicadas pelos institutos.

Segundo o especialista, seria difícil afirmar qual modelo – face a face ou telefônico, por ponto de fluxo ou domiciliar, por exemplo –, teria maior precisão. A esta altura, também vale lembrar que pesquisas eleitorais não têm por objetivo antecipar o resultado das urnas. Os levantamentos são fotografias do sentimento dos eleitores em momentos específicos de uma dada disputa. Uma sucessão de pesquisas com uma mesma metodologia pode indicar tendências dos candidatos, mas não antecipar resultados.

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O segundo aspecto a ser considerado neste caso específico é o período de coleta de cada pesquisa. O Ibope foi a campo entre os dias 1 e 3 de outubro, enquanto o Datafolha fez suas entrevistas no dia 4 de outubro – uma diferença pequena, mas que também pode indicar variações nas tendências.

Outro ponto a ser destacado é que ambas as pesquisas têm nível de confiança de 95%. Isso significa que, se o questionário fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta seria a chance de o resultado se repetir dentro da margem de erro máxima.

O raciocínio inverso também vale: cada pesquisa tinha 5% de chance de estar “errada”. Pelo volume de levantamentos feitos até outubro, é possível que tal situação aconteça em algum momento com alguma pesquisa.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.