Por que o afastamento do relator Bonifácio Andrada não preocupa Michel Temer?

Especula-se que o relator teria sido escolhido por interferência do próprio governo, que espera que o parlamentar apresente um relatório contrário à abertura de processo penal contra o peemedebista

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O mercado não reagiu bem à notícia da retirada do deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG), relator da denúncia contra Michel Temer, do quadro de representantes tucanos na CCJC (Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania) da Câmara. Em cerca de uma hora, o Ibovespa recuou 800 pontos, deixando para trás a máxima histórica atingida na manhã desta quinta-feira (5). O dólar, por sua vez, apresentou alta de cerca de 1% em relação à mínima do intraday.

Aliado do governo, especula-se que o deputado Bonifácio Andrada teria sido escolhido relator da segunda denúncia apresentada pelo então procurador Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer após intervenções do próprio peemedebista. O parlamentar é aliado do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que luta para se manter no cargo após ver a primeira turma do Supremo Tribunal Federal determinar seu afastamento das funções legislativas e recolhimento noturno.

O movimento tucano foi uma busca da ala favorável à abertura de processo penal contra o peemedebista pela não vinculação a um relatório que recomendasse o arquivamento da denúncia — o que se acredita que será a posição de Andrada, a ser revelada na próxima semana. O discurso dos tucanos será de que o partido tentou retirá-lo da comissão, mas que ele pode permanecer pelo esforço de outras legendas, aliadas ao governo. No momento em que esta análise estava sendo produzida, já estava em articulação uma saída com a indicação de Andrada por um dos partidos do chamado “centrão”, para que ele continuasse com a relatoria da denúncia e apresentasse um parecer favorável ao peemedebista.

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“A guerra interna entre os tucanos da Câmara alcança outro grau. Nos últimos dias, aqui e ali, se ouviu que se Ricardo Tripoli, líder da bancada (ou de parte dela, ao menos) avançasse contra Bonifácio, haveria movimento para destituir o deputado paulista da liderança”, lembrou a equipe de análise da XP Investimentos. Para eles, o novo episódio tem muito mais implicações para o próprio PSDB do que para Michel Temer, uma vez que o presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), dificilmente indicará algum opositor ao governo para a função de relator, caso Bonifácio não continue no posto.

“Não deve ser ignorado que os tucanos conseguiram sair derrotados e divididos da primeira votação, e que agora fazem um esforço tremendo para que sua situação fique ainda pior nesta segunda denúncia”, concluíram os analistas da XP. Uma divisão mais aguda dos tucanos não tende a ser benéfica para o Planalto.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.