Por que Meirelles candidato pode ser um presente para Geraldo Alckmin?

Por mais que houvesse maior fatia de tempo e televisão caso o MDB não lançasse candidato para a disputa, foi melhor assim para o tucano

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A aprovação da candidatura de Henrique Meirelles à presidência da República por 85% dos 419 votantes no MDB representa uma vitória interna do atual presidente da sigla, Romero Jucá, sobre Renan Calheiros e a ala contrária à apresentação de um nome pelo partido para a disputa. Fora do MDB, há outros grupos políticos que podem ver com bons olhos o lançamento do ex-ministro da Fazenda do governo de Michel Temer para a corrida presidencial.

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É o caso de Geraldo Alckmin (PSDB). Apesar de o MDB ter invejável latifúndio de rádio e televisão e incomparável capilaridade nos estados e municípios, o partido hoje traz a toxicidade da rejeição recorde ao Temer a quem aparecer em fotos com ele. Aliás, foi este um dos motivos da ausência de continuidade dos flertes entre o tucano e o presidente.

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Por mais que houvesse maior fatia de tempo e televisão caso o MDB não lançasse candidato para a disputa, foi melhor assim para o tucano. Ainda mais depois de já garantir cerca de 40% da exposição total no horário eleitoral gratuito com a formalização de aliança com os partidos do chamado “blocão” (DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade).

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Com 1% das intenções de voto nas pesquisas eleitorais, Meirelles é um candidato cuja presença no segundo turno é tratada como pouco provável no meio político, embora a corrida ainda não tenha começado oficialmente. Nos cenários base dos analistas, ele não representa tamanho risco de fragmentação na centro-direita que minasse a candidatura de Alckmin, que ainda precisa recuperar votos tradicionais tucanos perdidos para Álvaro Dias (Podemos) e Jair Bolsonaro (PSL) e até localizados entre brancos, nulos e indecisos.

À ótica de Alckmin, Meirelles pode funcionar como uma esponja para absorver a rejeição ao governo Temer, que também pode contaminar a candidatura do tucano. Segundo pesquisa Datafolha feita entre 6 e 7 de junho, 82% dos eleitores avaliam o governo do emedebista como ruim ou péssimo, ao passo que apenas 3% classificam positivamente a gestão.

Pelos movimentos do PSDB no impeachment de Dilma Rousseff e na formação do governo Temer, não seria surpreendente uma associação entre o emedebista o tucano pelo imaginário do eleitorado. Conforme pontua o analista político Victor Scalet, da XP Investimentos, a partir de um cruzamento de dados de avaliação de governo e as pesquisas para a corrida presidencial, nota-se uma correlação entre aprovação a Temer e apoio a Alckmin.

A imagem de continuidade precisará ser enfrentada pelo ex-governador paulista ao longo da disputa. Contudo, com Meirelles no páreo, o desafio torna-se mais simples a Alckmin. O candidato do MDB seria mais facilmente associado à gestão Temer e poderia absorver boa parte da rejeição ao atual governo. Se isso acontecer, bom para o tucano.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.