Por que dirigentes petistas não comemoraram a prisão de Eduardo Cunha?

Se, por um lado, a alegação é de que há excessos sendo cometidos nas ações dos procuradores e policiais federais, endossados pelo juiz federal Sérgio Moro, há outro motivo que pode justificar comportamento mais frio e calculista

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Nem mesmo o cerco da Operação Lava Jato ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que culminou em sua prisão na última quarta-feira (19), deu motivos para comemoração a dirigentes do PT. Conforme conta matéria do jornal Folha de S. Paulo, membros do partido não se animaram com a derrocada de um dos seus maiores adversários políticos da atualidade.

Se, por um lado, a alegação é de que há excessos sendo cometidos nas ações dos procuradores e policiais federais, endossados pelo juiz federal Sérgio Moro, há outro motivo que pode justificar comportamento mais frio e calculista. Embora negados pelo atual presidente da legenda, Rui Falcão, e outros nomes, os temores são de que a prisão do peemedebista venha a abrir espaço para uma eventual detenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Diversas publicações têm alertado para a possibilidade de a prisão do peemedebista poder funcionar como uma espécie de isca, uma tacada de Moro para viabilizar a prisão de Lula. Como dito algumas vezes por especialistas que acompanham a Operação Lava Jato, existe uma ponta política que não pode ser desconsiderada na observação jurídica do caso. Para além do processo em si, há uma disputa de narrativas que precisa ser observada.

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Por outro lado, há um grande debate entre os juristas sobre a legitimidade de algumas das prisões efetuadas pela operação até então. Ilustram tal discussão casos como o de Guido Mantega, quando questionou-se a falta de apresentação de motivos que justificassem a prisão temporária — revogada poucas horas depois pelo juiz Moro.

Na situação de Cunha, outro questionamento ganhou força: levando-se em consideração que o caso do ex-deputado estava há mais de um ano nas mãos do Supremo Tribunal Federal e não houve nenhuma autorização de prisão por parte do ministro responsável pela Lava Jato na corte, Teori Zavascki, o que levou Moro a tomar outra decisão? Houve alguma evidência nova no período da transferência do processo de Brasília para Curitiba?

Com base nessas perguntas, uma das teses levantadas pelos especialistas é que ou o Supremo foi leniente ou Moro foi arbitrário. Não é de hoje que há atritos na disputa política entre a Justiça de Curitiba e o STF.

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Em meio a um ambiente de muitas dúvidas, a possível prisão do ex-presidente mexe com o humor dos atores nos mundos político e jurídico.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.