Por que Alckmin cresceu na pesquisa XP/Ipespe?

Na semana em que formalizou aliança com os partidos do chamado "blocão", tucano alcança marca de 10% das intenções de voto pela primeira vez

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Apesar de tecnicamente as oscilações positivas de Geraldo Alckmin (PSDB) na última pesquisa XP/Ipespe terem ocorrido dentro da margem de erro máxima de 3,2 pontos percentuais, o fato de o tucano ter apresentado movimento positivo nos quatro cenários de primeiro turno e nas três simulações de segundo turno que consideram seu nome mostram uma melhora na situação do candidato recém-apoiado pelo “blocão”, grupo formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade.

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Pela primeira vez, Alckmin alcançou a marca de 10%. Por outro lado, o desempenho ainda está longe de empolgar aliados, e a distância para o deputado Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas nas simulações que desconsideram a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se mantém considerável: 11 pontos percentuais na simulação mais favorável ao tucano neste critério. Veja a íntegra da pesquisa aqui.

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O tucano cresceu sobretudo entre eleitores do Sudeste, com maior nível de escolaridade e idade de 35 anos ou mais. Na simulação que considera o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), esta é a série histórica do desempenho do tucano com dados estratificados:

alckmin
Fonte: XP/Ipespe, BR-07756/2018

As apostas dos eleitores em uma vitória de Alckmin nessas eleições voltaram ao patamar de 6%.

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O levantamento também mostrou que o tucano cresceu como “plano B” entre quem hoje declara apoio em Bolsonaro, o senador Álvaro Dias (Podemos) e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT). Na semana passada, os respectivos percentuais estavam em 8%, 13% e 4%. Hoje, estes números estão em 17%, 15% e 14%.

Isso pode indicar tendência de menor resistência de parte dos entrevistados ao nome do candidato do PSDB, embora a rejeição ao seu nome se mantenha em patamar muito elevado: 58%, tecnicamente empatado com Lula, que lidera este ranking indesejável, com 60%.

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A tabela abaixo oferece detalhes:
Na primeira coluna, estão os nomes apontados pelos eleitores como segunda opção caso seus apoiados não cheguem em outubro como candidatos. Vale lembrar que o cenário inicial considerado é aquele em que Haddad é o candidato do PT e com apoio explícito do ex-presidente Lula.

“Se o candidato que você escolheu no cenário anterior não participar da disputa, em quem você votaria?”second_option

Por que Alckmin melhorou?

Já se tornou frequente o discurso do tucano de que não deve crescer nas pesquisas eleitorais antes do início do horário de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, quando o período de campanha efetivamente começa a ser percebido pelos eleitores. A narrativa tornou-se defesa natural à crescente pressão a que Alckmin tem sido submetido para formar alianças e provar sua viabilidade como candidato. Mas, então, por que ele melhorou no levantamento XP/Ipespe desta semana? No momento, é difícil ter uma resposta certeira à pergunta. De qualquer forma, há algumas hipóteses que podem ser consideradas.

1) Maior interesse nas eleições e queda dos “não voto”

O levantamento mostrou uma oscilação para baixo no percentual do grupo dos “não voto” nos quatro cenários de primeiro turno testados. Agora, brancos, nulos e indecisos somam entre 17% (com Lula) e 34% (sem candidato do PT) nos cenários estimulados e 59% no espontâneo, quando nomes de candidatos não são apresentados aos eleitores. Uma semana atrás, os respectivos percentuais eram de até 36% e 61%. A quase dois meses da corrida às urnas, o patamar atual ainda é considerado elevado, o que reforça o clima de indefinição da disputa.

A pesquisa também mostrou que cresceu o nível de atenção dos entrevistados sobre as eleições. Ao final da Copa do Mundo e a pouco mais de dois meses do primeiro turno, esta deve ser uma tendência daqui para frente. Segundo o levantamento, 29% responderam estar muito interessados no que vai ocorrer no pleito de outubro. O resultado corresponde a um crescimento de 5 pontos percentuais em comparação com uma semana atrás. Outros 22% disseram estar mais ou menos interessados, uma oscilação negativa de dois pontos no mesmo comparativo. Já o percentual de desinteressados foi de 34% para 31%. Parte deste grupo pode ter passado a declarar apoio a Alckmin neste momento.

“Quão interessado você está nas eleições que ocorrerão em outubro?”interesse

2) Momento positivo para Alckmin

Embora a aliança com o “blocão” o tenha exposto ainda mais aos símbolos da política tradicional, o maior volume de notícias sobre Alckmin e, em paralelo, a imagem de consolidação de seu nome como candidato podem ter ajudado a direcionar votos. Nota-se uma melhora no desempenho do tucano entre eleitores que tradicionalmente apoiaram candidatos do PSDB. Uma maior exposição do ex-governador de São Paulo pode ter ajudado em uma tímida reconquista de apoio. 

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.