Por que a oferta bilionária de uma desconhecida da Bolsa foi ótima notícia para o governo Temer

Operação bem sucedida da Energisa foi a primeira do ano e é um bom indicativo do apetite dos investidores por ativos de risco das empresas brasileiras, podendo estimular o governo a promover operações desse tipo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na noite da última quarta-feira, a holding de distribuidoras de Energisa (ENGI11) realizou a primeira operação de oferta pública de papéis em 2016. No primeiro semestre, não houve operações desse gênero; as últimas foram da Par Corretora e da Telefônica e desde então, houve só ofertas com esforços restritos destinadas a um grupo pequeno de investidores. A operação, aliás, foi um sucesso, e deu sinais bastante importantes também para o governo interino Michel Temer, conforme aponta a LCA Consultores. 

A Energisa levantou R$ 1,54 bilhão na oferta pública de units, através da venda de até 83,025 milhões de units a R$ 18,50 cada, segundo informações no site da CVM, o que fez com que as units da companhia chegassem a disparar 10% nesta sessão. A intenção inicial da empresa era vender ao menos 61,5 milhões de units. Um dos indicadores do sucesso da operação foi sobre a demanda, que foi quatro vezes superior à oferta. A liquidação financeira será no dia 01 de agosto. 

“Esta operação é um bom indicativo do apetite dos investidores por ativos de risco das empresas brasileiras e pode estimular o governo a promover operações desse tipo dentro do seu programa de desmobilização de ativos para melhorar as contas públicas”, destacou a LCA Consultores em relatório. Assim, o resultado obtido deve abrir espaço para a realização de novas ofertas. 

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Em notícia de meados de julho, o jornal O Estado de S. Paulo destacou que as desestatizações previstas pelo governo federal têm o potencial de levantar recursos de pelo menos R$ 120 bilhões, que virão de concessões, privatizações, vendas de ativos, securitizações e aberturas de capital. 

Vale destacar que o movimento encontra similaridades, mas também muitas diferenças, com um movimento do final do ano passado que ocorreu com a venda da divisão de cosméticos da Hypermarcas para a Coty por R$ 3,8 bilhões anunciada em 2 de novembro de 2015. Aquele momento era o auge da crise política e uma piora da atividade econômica, em um momento em que o Ibovespa estava sendo negociado por volta dos 48 mil pontos. A análise de agentes do mercado era de que diversos investidores estrangeiros passaram a achar o Brasil barato. Agora, após mais de nove meses, o Brasil volta para os holofotes, mas em meio às perspectivas de que o País se recupere tanto das crises política quanto econômica em meio à mudança de governo, mais pró-mercado, em meio às expectativas do mercado de que Michel Temer se confirme como presidente ainda no final de agosto. 

Desta forma, a expectativa é de que o segundo semestre seja mais movimentado para a Bovespa em termos de oferta pública de ações. Mas isso tudo ainda dependerá se o mercado gostará dos anúncios que estão por vir – e se o ânimo continuará no pós-impeachment. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.