Por que a Bolsa dispara sempre que a Dilma cai nas pesquisas?

Desde o dia 17 de março, quando teve início o rali eleitoral, o Ibovespa já subiu 13,89%, enquanto as ações ordinários da Eletrobras se valorizaram 54,93%

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Na manhã desta terça-feira (29) mais uma pesquisa eleitoral foi apresentada, e dessa vez pôde ser verificada uma mudança de tendência no cenário político, já que Dilma Rousseff seguiu em queda nas intenções de voto, mas, diferente das outras pesquisas, também foi verificada um avanço de seus concorrentes. Diante disso, a bolsa brasileira chegou a subir 2%. Mas por que a cada nova queda da presidente o mercado parece se animar mais?

Como muitos analistas já afirmaram, os investidores estão mostrando que querem uma mudança no governo como forma de verem um novo cenário para as empresas nacionais, principalmente as estatais. A explicação é que o mercado vê negativamente as intervenções do atual governo em alguns setores da economia, por isso, quanto menor a chance da reeleição de Dilma, mais animado o mercado parece ficar.

Diante dessas pesquisas eleitorais, os analistas do HSBC apontam que as notícias corporativas devem ficar em segundo plano nos próximos meses, sendo que a eleição será o fator-chave para o sentimento do mercado daqui até o segundo semestre. E mais do que as pesquisas em si, os rumores e especulações devem ter um impacto ainda maior em todas as classes de ativos, afirmaram em relatório.

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Porém, há quem não se empolgue tanto com o rali das últimas semanas. Para o gestor do Fundo Verde – um dos maiores fundos de hedge do mundo -, Luis Stuhlberger, a análise do mercado sobre eleição tem sido apressada. “Os mercados voltaram a acreditar que o futuro será melhor do que o presente – um poderoso elixir para os preços dos ativos – seja porque a atratividade dos juros altos inebria o investidor estrangeiro, seja por conta de análises apressadas de pesquisas de opinião”, disse. Diante disso, ele afirmou no início deste ano que iria reduzir sua exposição nas ações brasileiras.

Pesquisas podem levar à mudanças antes das eleições
Além da expectativa de uma mudança de governo, anima também os investidores a possibilidade de um novo cenário antes das eleições. Segundo o economista e professor de gestão de risco da Trevisan Escola de Negócios, Claudio Gonçalves, caso a atual presidente caia muito nas pesquisas, existe a possibilidade de vermos mudanças em suas políticas na tentativa de voltar a crescer nas pesquisas.

“Nesse cenário poderíamos ver mudanças principalmente no setor elétrico e petróleo, com possível aumento dos preços de gasolina”, destaca Gonçalves, que acredita que pesquisas mostrando queda de Dilma e crescimento da concorrência teria impacto ainda maior exatamente por essa possibilidade de mudanças antecipadas.

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Fora das especulações das pesquisas, existe também a Copa do Mundo, evento destacado por muitos analistas como outra peça chave para o cenário político. Basicamente, uma vitória do Brasil no campeonato poderia elevar os ânimos e ajudar em uma reeleição de Dilma, enquanto uma derrota da seleção seria catastrófica para os planos da atual presidente em continuar no poder.

Ganhos no rali eleitoral chegam a 50%
O chamado rali eleitoral teve início no dia 17 de março, quando os primeiros rumores de uma pesquisa eleitoral surgiram. Na época, em apenas dois dias Banco do Brasil (BBAS3), Eletrobras (ELET3; ELET6) e Petrobras (PETR3; PETR4) registraram ganhos entre 5,8% e 7,8%, enquanto o Ibovespa avançou 3,2%. Desde então, o principal índice da Bolsa e os papéis dessas estatais subiram com força.

O estudo apresentado nesta manhã foi o sexto em sete semanas, período em que o Ibovespa registrou alta de 13,89%, saltando de 45.117 pontos no dia 17 de março para 51.383 na última sessão. No máximo do período, o índice chegou a 52.155 pontos, no dia 7 de abril, o que representa um ganho de 15,60% desde o início do rali.

Neste mesmo período, entre as estatais, a companhia que mais se valorizou foi a Eletrobras, que viu seus papéis ordinários subirem 54,93%, enquanto os preferenciais subiram 35,44%, na máxima do rali, atingidas em 23 e 24 de abril, respectivamente, as duas ações chegaram a ter ganhos de 59,36% e 35,99%. Até a véspera, os ativos ELET3 eram cotados a R$ 7,70 e os ELET6 a R$ 12,23.

Já as ações ordinárias da Petrobras tiveram ganhos de 30,20%, e são cotados a R$ 15,65, enquanto as preferenciais subiram 31,74%, para R$ 16,56 – sua máxima no período. Enquanto isso, os papéis do Banco do Brasil passaram de R$ 18,70 para R$ 23,45 na véspera, com ganhos de 25,40%, porém, chegaram a atingir máxima de R$ 24,90 no dia 7 de abril, o que representa ganhos de 33,16%.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.