Política X Investimento: confira os principais riscos globais para 2011

Novo cenário global é resultado de ascensão de emergentes, cujo impacto econômico é maior que colapso da URSS, diz consultoria

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SÃO PAULO – O luxo de ignorar a influência da política sobre os investimentos não costuma ter significado diferente deste: prejuízo. Calejado pelos sobressaltos do mercado no ano que se foi, o investidor pode mapear os riscos – ao menos os mais aparentes – para os investimentos em 2011.

Ter consciência dos principais riscos políticos – eleições, regulação, conflitos… – pode se revelar crucial em momentos de crise, quando os pressupostos sobre os quais são construídos modelos analíticos entram em colapso. Mas não é fácil lidar com o imponderável. Assim, a maior parte das projeções tende a desconsiderar casos muito extremos, preferindo manter a coesão e a parcimônia.

Um mundo novo, de novo
Mesmo que os países desenvolvidos – leia-se EUA – sejam capazes de concretizar as projeções mais otimistas para 2011, uma mudança substancial na estrutura internacional não poderá ser revertida. “Entramos em uma nova ordem mundial. Isto significa novos modos para os estados se relacionarem política e economicamente”, afirmou a equipe da Eurasia Group, consultoria especializada em análise de riscos políticos para investimentos.

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Em sua visão, 2011 será o ano em que nós tomaremos conhecimento destas mudanças. Do ponto de vista econômico, a ascensão dos países emergentes tem mais importância que o colapso da União Soviética, quando a “nova ordem mundial” foi cantada em verso e prosa.

Remando sem direção
Assim, sai de cena o G-7, entra o G-20, enquanto os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China )devem permanecer com baixo nível de coordenação política. Mais atores políticos ganham voz ativa no cenário global, ampliando a dificuldade para a coordenação de políticas macroeconômicas, em um cenário apelidado pelos analistas de G-Zero.

“O nível razoável de coordenação global na resposta à crise financeira, que vimos em 2009, foi quebrado em 2010 e não estará de volta em 2011”, ressaltou o time da Eurasia, que espera uma menor taxa de crescimento e a redução da eficiência econômica global como consequência.

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Confira abaixo os principais riscos apontados pela Eurasia Group para 2011. “Este é o primeiro ano desde que fazemos isso que o risco político é muito mais amplo. É uma mudança na ordem mundial em si que nos traz mais preocupação”, escreve a consultoria, lembrando que o otimismo visto pelos mercados atualmente pode encontrar um contraponto na falta de certezas não só sobre os rumos da economia, mas também nessa nova organização global. 

Top Risks 2011
1 G-Zero É o nome dado pelos analistas da Eurasia para a nova ordem mundial, em que a ascensão econômica dos emergentes alterou de forma significativa o equilíbrio de poder entre os países, com consequências graves para a coordenação de políticas multilaterais, a medida que as instituições globais viram fóruns não de cooperação, mas confronto, diminuindo as chances de acordos. “Crescimento econômico global e a eficiência diminuirão”
2 Zona do Euro Novamente, a situação fiscal dos países da Zona do Euro estará em foco, com riscos políticos em dois níveis. Internamente, as lideranças enfrentarão a oposição aos severos ajustes fiscais, ao passo em que no âmbito externo, as dúvidas sobre a eficiência e a coordenação política entre os países europeus crescerão. O real problema, segundo a consultoria, é se os países mais relevantes da região, como Espanha e Itália, realmente comecem a enfrentar dificuldades em se financiar, o que aumentaria os riscos de uma crise sistêmica
3 Segurança virtual Mais que um fenômeno pós-WikiLeaks, a segurança no cyberespaço tornou-se um fato com ataques à infraestrutura de países e empresas. “A capacidade ofensiva virtual é um novo modo de projetar poder” 
4 China “A China dirá que participa da coordenação global, mas não agirá de acordo”. Na avaliação da Eurasia, o governo de Pequim deverá continuar a resistir à pressão política para ajustar seu modelo de crescimento
5 Coreia do Norte As provocações militares do regime totalitário devem continuar em 2011. “Com a crescente desconfiança entre EUA e China, o potencial para um conflito na península coreana é real”, dizem os analistas
6 Controle de capital Com visões distintas sobre os desequilíbrios globais e a dificuldade para coordenação de políticas econômicas, o risco de adoção crescente de medidas para controle dos fluxos de capital é crescente em 2011
7 Impasse nos EUA Com o crescimento da oposição a Barack Obama no Congresso, os EUA chegam à possibilidade de um impasse (gridlock) – geralmente visto como positivo para as economias desenvolvidas, por levar a uma menor interferência do estado. Segundo a Eurasia, contudo, “pode ser problemático quando ações decisivas são necessárias” para recuperar a economia, trazendo incertezas políticas 
8 Paquistão em crise A convulsão social provocada pela conjunção de uma crise econômica e política no país asiático tornou-se um risco que pode se expandir em 2011, atingindo as regiões mais importantes do país. No centro do debate, a paralisia do governo central
9 Violência no México Embora afirmem que o estado mexicano não esteja à beira da falência, os analistas acreditam que há um considerável risco de uma crise institucional, caso as autoridades não virem o jogo contra os cartéis de drogas
10 Inocência com emergentes Fechando a lista, a Eurasia ressalta que o fluxo crescente de investimentos em direção aos emergentes tem desconsiderado as amplas diferenças nos perfis de risco de cada país, desde medidas econômicas negativas até problemas puramente políticos, como eleições. Argentina e África do Sul estão na lista de prováveis decepções