Política: o que esperar das eleições presidenciais e do novo governo?

Tema inspirou painel no "12º Seminário Perspectivas da Economia Brasileira", realizado pela Tendências Consultoria

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SÃO PAULO – À medida que as eleições presidenciais de 2010 se aproximam, cresce a apreensão dos mercados tanto quanto ao resultado como às perspectivas do novo governo. O tema foi inspiração para o painel político do “12º Seminário Perspectivas da Economia Brasileira”, realizado pela Tendências Consultoria nesta quinta-feira (29).

Para Carlos Melo, cientista político e professor do Ibmec – São Paulo, um dos grandes erros que se comete é achar que as eleições estão exclusivamente polarizadas entre José Serra, candidato da oposição, e Dilma Rousseff, candidata do governo. “Seu verdadeiro protagonista é Lula”, diz Melo, sobre o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula, no entanto, não governa sozinho. “É interessante observar como a base aliada de poder de seu governo se ampliou e se diversificou no segundo mandato, agregando desde fundos de pensão e conglomerados corporativos de peso até sindicalistas”, diz Melo, que vai além: “a tarefa da oposição não será fácil”.

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Serra x Dilma
Se as candidaturas de Serra e Rousseff não são exatamente novidade ao povo brasileiro e aos mercados, as campanhas vêm se solidificando somente agora. Desta forma, pouco se sabe ainda de concreto sobre as propostas dos dois presidenciáveis, mas a postura de cada um já pode ser analisada, segundo Melo.

“A meu ver, a campanha de Serra vem sendo mais bem conduzida. Ele tem sido menos duro em suas afirmações, expondo uma figura um pouco mais branda e diplomática, além de contar com um currículo de maior experiência política”, diz Melo.

Por outro lado, “o governo tem vantagens competitivas muito grandes, principalmente por ter sabido se aproveitar da janela de oportunidades que foi a crise financeira mundial, que permitiu a Lula expandir a atuação do Estado. Entretanto, erros de marketing vêm sendo cometidos um atrás do outro”.

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Para Melo, muitos erros vêm da política externa de Lula, marcada por acontecimentos recentes polêmicos como a visita do presidente a Cuba e a postura dúbia quanto ao Irã. Mas episódios no plano doméstico também têm minado a candidatura de Dilma, como “embates desnecessários e tolos com a mídia”, diz o cientista político.

Desordem
Ganhando Dilma ou Serra, para Lucia Hippolito, jornalista e cientista política, o foco do novo governo deve ser “combater a desordem no País”, apontada por ela como o principal problema atual do Brasil. “Pela primeira vez, temos, ao mesmo tempo, estabilidade democrática, inflação sob controle e alto crescimento econômico. Mas o sistema político está em forte descompasso. Todos os entraves atuais ao País são de ordem política, e vêm da desordem”.

Para Hippolito, essa desordem assola as mais variadas esferas do poder brasileiro. Uma delas é a institucional. Temos um “Executivo legislando, um Legislativo julgando e um Judiciário que não sabe bem o que faz no meio de tudo isso”. Em uma análise claramente crítica, Hippolito também aponta “desordens regulatória e logística”.

“Não temos no Brasil um marco regulatório. Quem vai investir em um lugar onde não há clareza de regras? Paralelamente, falta também um planejamento de transportes e infraestrutura a longo prazo”, diz a cientista política. Lucia também exalta a importância de uma reforma tributária no País e de mudanças no sistema eleitoral, “atualmente falido”.

“Tudo isso configura um cenário de desordem. Esse é o problema do Brasil, e esse deveria ser o principal tópico nos debates entre os candidatos ao Palácio do Planalto. Mas acho difícil que o seja”, conclui a jornalista.

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