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SÃO PAULO – Com foco em micro e pequenas empresas, exportações e investimento em tecnologia e inovação em empresas industriais de todos os portes, a política industrial foi alvo de análises de entidades empresariais de todo o País. Alguns consideraram as medidas eficazes e positivas, mas pediram pressa na implementação, enquanto outros afirmaram que ainda precisam analisá-las de perto.
Intitulada “Política de Desenvolvimento Produtivo: Inovar e investir para Crescer”, a política industrial foi anunciada na segunda-feira (13) por membros do governo e pelo próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Ela conta com quatro metas principais, para 25 setores da economia. A primeira delas é elevar o investimento direto na economia para 21% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2011. A segunda é estimular a inovação nas empresas industriais, elevando os investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento para 0,65% do PIB em 2010.
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A terceira meta é ampliar a participação brasileira nas exportações mundiais para 1,5% do comércio mundial em 2010. Em 2007, a participação brasileira havia sido de 1,17%. O quarto objetivo é centrado em micro e pequenas empresas exportadoras brasileiras.
Opinião das entidades
Confira a repercussão das medidas anunciadas entre as principais representantes da indústria brasileira:
- Grupo Gerdau – O presidente do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau, considerou a nova política de desenvolvimento produtivo um “avanço importante”. Ele acredita que, no curto prazo, os resultados já poderão ser observados. “Eu acredito que sim, porque tem uma série de medidas de redução de impostos que poderão ter efeito”, afirmou.
- Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) – Para o presidente da instituição, Paulo Skaf, é preciso ainda examinar a nova política, detalhadamente, antes de emitir qualquer opinião. “Nós vamos agora nos debruçar sobre elas [as medidas] e analisar os detalhes. E vamos aplaudir e apoiar tudo aquilo que houver de positivo – e tem muita coisa positiva no campo da desoneração. E vamos buscar correção de rumo em eventuais pontos que mereçam essa correção”. De qualquer maneira, ele afirmou apoiar o que chamou de “boa intenção” do governo.
- Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) – O vice-presidente da entidade, Carlos Mariani, disse estar entusiasmado com a nova política. “Não tenho dúvidas de que é uma mudança de patamar, em termos de tratamento de assunto de tal importância para o País”, observou. E acrescentou que os resultados serão sentidos no curto prazo: “Se tudo isso que foi falado aqui, esse entrosamento e a coordenação funcionarem, as condições presentes hoje indicam que é possível levar as medidas adiante”.
- Sinduscon-Rio (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro) – O presidente, Roberto Kauffman, elogiou a nova política industrial e disse que a considera “formidável”. Entretanto, ele lembrou que “precisa analisar melhor o material que foi distribuído para uma avaliação mais criteriosa”. De qualquer maneira, ele se mostrou otimista: “Temos que ver o horizonte azul que está acontecendo e concentrar todas as nossas forças para que os vários setores, inclusive o nosso, da construção civil, tenham realmente um grande progresso”.
- Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) – O fato de algumas medidas precisarem de aprovação do Congresso Nacional não poderá atravancar a implementação da Política de Desenvolvimento Produtivo, de acordo com avaliação do presidente da associação, Jackson Schneider.
Conforme informações da Agência Brasil, ele viu na presença de parlamentares de todos os partidos no lançamento da política industrial um compromisso de aprovação das medidas. “Até pela própria formatação que essas medidas têm, elas serão provadas no Congresso, depois de um aprimoramento natural”.
“O conceito foi no sentido de reforçar a presença da empresa nacional no mercado internacional, ou seja, da internacionalização da empresa brasileira. Temos que ver como isso vai se dar. Mas, de forma indireta, pode, sim, auxiliar toda empresa que produz no País e fabrica bens no Brasil”.
- Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base) – Em nota, a entidade considerou que o governo acertou na escolha dos setores econômicos que serão beneficiados e nas diretrizes e instrumentos criados para aumentar a capacidade produtiva do país.
Entretanto, cobrou agilidade na implementação das medidas. “O desafio, de agora em diante, será conseguir instituir um modelo de gestão e controle centralizado e ágil para acompanhar a implementação e o cumprimento das metas listadas”.
E considerou que os objetivos do plano serão alcançados mais rapidamente quanto maior for a velocidade de redução dos tributos e dos custos de capital, por isso, não há “tempo a perder” na implementação dos instrumentos para diminuir juros e spreads bancários e para melhorar as condições de financiamentos.
“A redução do tempo de recuperação de créditos, a depreciação acelerada de investimentos, a melhoria das condições de financiamento, o estímulo à formação de pessoal pelas próprias empresas e as ações para desonerar a produção em R$ 21,4 bilhões até 2011, já a partir de 2008, são essenciais”, diz a nota.
- CNI (Confederação Nacional da Indústria) – Para o presidente da entidade, Armando Monteiro Neto, a nova fase da política industrial ajudará a promover o desenvolvimento do País. “A política industrial é abrangente”, afirmou.
Com o novo plano, segundo Monteiro Neto, o governo reconhece o papel central da indústria de somar ao crescimento da economia e coloca a política industrial como um dos elementos-chave do desenvolvimento do País. Ele lembrou, no entanto, que o êxito do plano depende de um ajuste fiscal que retire da política monetária todo o ônus da manutenção da estabilidade econômica.
Monteiro Neto ressaltou também que a manutenção do alto ritmo de crescimento exige a aprovação de reformas estruturais, como a modernização do sistema tributário. Além disso, ele acredita que os benefícios da política industrial serão maiores se governo criar uma instância forte de coordenação e articulação institucional.
Também será necessária a ampliação do diálogo entre o governo e os empresários. “A política industrial é um processo estratégico de contribuição entre governos e empresários para identificação de políticas, obstáculos e oportunidades para o país”, afirmou.