Poderosos na mira da Justiça ou erosão da democracia? Imprensa internacional repercute julgamento de Lula

Veja como os principais jornais do planeta estão tratando o julgamento de recurso do ex-presidente no TRF-4

Marcos Mortari

Publicidade

SÃO PAULO – O julgamento que pode dar novas sinalizações sobre o panorama político que se desenha com a aproximação das eleições para a sucessão de Michel Temer no Palácio do Planalto não é matéria exclusiva de interesse dos brasileiros. Antes da decisão dos desembargadores da 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região sobre recurso apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sentença proferida pelo juiz federal Sergio Moro em primeira instância, a imprensa internacional repercute o momento de expectativa dos brasileiros.

Quer investir melhor seu dinheiro? Clique aqui e abra a sua conta na XP Investimentos

Veja o resumo de algumas das principais reportagens publicadas mundo afora sobre o que muitos brasileiros têm chamado de “julgamento do século”:

Continua depois da publicidade

New York Times

Artigo assinado por Mark Weisbrot, co-diretor do Center for Economic and Policy Research em Washington e presidente do Just Foreign Policy, teve ampla repercussão, sobretudo entre os apoiadores de Lula. O texto, intitulado “Brazil’s democracy pushed into the abyss” (‘A democracia brasileira empurrada ao abismo’, em tradução livre), o autor disse que o que poderia representar avanços nos últimos anos da história do país — último a abolir a escravidão no mundo e que superou uma ditadura militar há apenas três décadas — hoje toma caminho oposto. “Como resultado, a democracia brasileira hoje está mais fraca do que esteve ao final da ditadura militar”, escreveu. Weisbrot também diz que a democracia do país pode sofrer erosão ainda maior nesta semana com o julgamento de Lula em segunda instância, em um processo que ele diz não se esperar imparcialidade dos magistrados. O articulista ainda critica o juiz federal Sergio Moro, “que demonstrou sua parcialidade em numerosas ocasiões”, e diz que, se o líder petista for impedido de disputar as eleições de outubro, o resultado teria “muito baixa legitimidade”, como as eleições hondurenhas. Para ele, o ordenamento jurídico do país já foi “devastado” com o impeachment de Dilma Rousseff há menos de dois anos.

Washington Post

Em matéria intitulada “Lula, once Brazil’s most popular politician, faces ruling that could send him to jail” (‘Lula, político mais popular do Brasil, enfrenta decisão que pode levá-lo à prisão’, em tradução livre), o jornal lembra que o ex-presidente já foi chamado de “político mais popular no planeta”, e descobrirá nesta semana se poderá continuar no páreo para retornar à presidência do país ou se aproximar mais um passo da prisão. A reportagem destaca que um novo resultado negativo ao líder petista pode “complicá-lo severamente, senão acabar com suas ambições presidenciais”. O jornal ainda ressalta que uma absolvição do ex-presidente poderia representar um risco de irritar milhões de brasileiros, que, “independentemente de suas posições políticas, podem ver tal veredicto como uma evidência de que os poderosos no Brasil ainda têm modos de evadir a Justiça”.

The Guardian

Com texto intitulado “Brazil braces for corruption appeal that could make or break ex-president Lula“, o jornal chama atenção para a histórica decisão que “pode retirar o mais popular líder da história moderna brasileira de uma eleição que ele tenderia a vencer”, e que pode ter efeitos devastadores sobre o principal partido de esquerda do país hoje, o PT. Proporcionalmente à importância do julgamento para o processo político brasileiro e ao simbolismo político em torno de Lula, os nervos estão à flor da pele com o processo, com manifestações de ambos os lados.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.