PMDB quer diretoria na Petro: mais um passo para a deterioração da empresa?

Principal aliado do PT (Partido dos Trabalhadores) tem interesse em nomear o deputado Mauro Lopes, eleito em Minas Gerais; empresa ainda possui bastante cunho político, diz Carlos Müller, da Geral Investimentos

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A diretoria da área internacional da Petrobras (PETR3; PETR4) virou motivo de cobiça em Brasília. Vago, o cargo virou sonho de consumo do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) – principal aliado do PT (Partido dos Trabalhadores) -, que tem interesse em nomear o deputado Mauro Lopes, eleito em Minas Gerais, segundo reportagem do Valor Econômico.

Para o mercado, esse seria mais um passo de deterioração da estatal – que vem sofrendo há meses com a ingerência política sobre o que seriam as melhores práticas gerenciais possíveis para a petrolífera, derrubando as cotações. Desde que assumiu a presidência, Dilma Rousseff tem tentado nomear um quadro mais técnico que seu antecessor, Lula, substituindo o antigo presidente da companhia, Sergio Gabrielli – filiado ao PT – por Maria das Graças Foster, que iniciou a sua carreira na empresa como estágiaria.  

Por isso mesmo, surge a dúvida: o que o governo deverá fazer em relação a cobiça de seus aliados? “Díficil dizer, eu acredito que, pelo perfil dela, pelo histórico, a preferência é que seja um nome técnico, mas a gente não tem como saber o que virá adiante”, avisa Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos. Nomes técnicos especulados pela notícia do Valor são José Lima de Andrade Neto, atual presidente da BR Distribuidora, e o outro é Irani Varella, ex-diretor de Serviços da Petrobras entre 1999 e 2001.

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Eleições de 2014
O principal fator para fazer com que Dilma venha a ceder é a eleição presidencial de 2014. “A gente vai ver muita costura política ainda por conta disso”, alerta o analista, chamando a atenção para o fato de que as estatais podem ser usadas para atingir os objetivos de governabilidade. 

Atualmente, a base governista passa por um impasse: os dois maiores partidos aliados, o PMDB e o PSB (Partido Socialista Brasileiro) querem maior participação no governo e mais cargos. O PMDB se interessa por cargos de segundo ou terceiro escalão, como a diretoria da Petrobras, enquanto o PT avalia permitir que Eduardo Campos, governador de Pernambuco pelo PSB, seja candidato a vice-presidente na chapa de Dilma.

Atualmente, esse posto é ocupado por Michel Temer, do PMDB. O partido não tem interesse em mudar isso – ao menos não facilmente. É possível que Campos, bastante influente e popular no nordeste, seja um candidato próprio pelo PSB em 2014 – algo que o PT quer evitar. Com a situação política delicada, cresce a importância dos cargos das estatais, ministérios e secretarias como forma de se conseguir apoio político desses partidos. 

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Empresa ainda tem cunho político
Há vozes no mercado que acreditam que a situação da Petrobras é injusta com a nomeação de Graça Foster para a presidência e a adoção de uma postura mais pragmática em relação à empresa. Müller discorda. “A Graça Foster pode ser bastante técnica, faz o que pode, mas tem as suas limitações”, diz. 

Ele salienta que a empresa continua sendo usada como meio de controlar a inflação. “A Dilma tem um perfil bastante técnico, mas se a gente observar que o reajuste dos combustíveis veio depois da queda do preço de energia, percebemos que a empresa ainda tem bastante cunho político”, afirma.  

A esperança do analista fica no longo prazo – já que se atualmente a Petrobras é usada para segurar a inflação e estimular a economia nacional, é possível que ela volte a buscar maior eficiência geracional quando o cenário se estabilizar. “Mas, por enquanto, a Petro não deve ter um perfil semelhante ao de uma empresa privada. O cenário continua bastante complicado, não espero que isso mude no curto prazo”, finaliza o analista.