PMDB decide se sai do governo e mais 4 eventos que vão ditar o mercado na semana que vem

Mais 5 dias de tensão política com PMDB podendo desembarcar e lista da Odebrecht fazendo preço

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O Ibovespa não consegiu manter mais uma semana de rali do impeachment e realizou com força os ganhos dos últimos tempos em meio à lista de políticos que receberam dinheiro da Odebrecht, que caiu como uma bomba no mercado financeiro. Para os próximos dias, os investidores devem continuar de olho na Lava Jato e na contribuição definitiva dos executivos da empreiteira. Mas a semana não é só isso. Se política vai ditar o tom, o maior partido político brasileiro pode causar uma mudança radical no cenário se decidir abandonar o governo nesta terça-feira (29). E o mercado no mundo inteiro pode mudar dependendo dos dados que o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgar na sexta. 

Falando primeiro em política, muitos analistas especularam sobre um aumento do imbróglio político com a divulgação de diversos nomes da oposição e da situação entre os possíveis receptores de propina da Odebrecht. No entanto, a planilha da empresa em si pode não provocar a mudança no comportamento dos parlamentares que se especula, no sentido de arrefecimento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao contrário, uma possível delação de Marcelo Odebrecht e executivos da empreiteira traz maior poder destrutivo sobre a reputação da classe política.

Uma outra leitura possível sobre os efeitos do episódio recente da divulgação da lista de deputados, senadores, prefeitos e governadores beneficiários de doações da companhia (legais ou não, registradas ou caixa dois) apontaria para maior pressão sobre a possível mudança de governo, não uma desaceleração do processo. Ameaçados pelos documentos divulgados, parlamentares citados podem ver no impeachment a possibilidade de as investigações reduzirem o ímpeto. A ascensão de um novo presidente com maior força política tende a trazer maior segurança e estabilidade, em um cenário de nova composição de forças, de acordo com a mesma concepção.

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Além disso, como lembra o economista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, em um primeiro momento, pode haver preocupação com governabilidade e enfraquecimento dos políticos envolvidos, mas no longo prazo, tudo isso vale a pena em nome de um fortalecimento institucional do Brasil. “Se for para passar por um momento de mudança profunda, que se investigue tudo e a gente colha os frutos no futuro, mesmo que isso enfraqueça a oposição agora”, afirma.

Já com relação ao encontro do PMDB, qualquer que seja o desfecho da reunião da cúpula do partido, é preciso cautela na análise. Na avaliação de alguns especialistas, a permanência do partido na base do governo pode não ser uma boa notícia para Dilma, assim como a ruptura não necessariamente fortalece o impeachment por si só.

O fator de maior relevância no evento vem da observação do comportamento dos principais grupos internos da sigla. Se os peemedebistas optarem pelo abandono do barco governista sem o aval de uma maioria confortável, há riscos de rachas mais profundos e evidentes, que podem ser explorados pelo atual articulador político Lula. Esse cenário deixaria mais truncado o desfecho para o impasse político, mas dificilmente reduziria as chances de o impeachment se confirmar. Hoje, é para esse quadro que o mercado olha.

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Na avaliação de Brugger, a decisão deve ser acirrada dentro do partido, principalmente porque o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vem tentando se reaproximar do governo. “Se for anunciada uma saída do PMDB oficial, parece-me que o mercado vai reagir positivamente”, explica. Contudo, ele considera bastante real a possibilidade de que a ruptura definitiva seja adiada pelo menos até que se consiga um consenso um pouco maior dentro do partido. 

A seguir, os destaques da agenda econômica semanal:

Resultado fiscal (Brasil)
Na lista de indicadores brasileiros importantes da semana, o resultado primário consolidado das contas públicas de fevereiro deve mostrar uma piora na situação fiscal. Após os R$ 27,9 bilhões de superávit registrados em janeiro, a expectativa dos economistas é que haja um déficit. Para o economista da Leme Investimentos, aconteceram algumas manobras fiscais para melhorar artificialmente o resultado do primeiro mês do ano, de modo que o efeito disso virá neste resultado de fevereiro. O indicador sairá na quarta-feira (29) às 10h30 (horário de Brasília). 

PMIs (China)
A lista de indicadores importantes na semana que vem traz o Purchasing Managers Index da indústria medidos pela Caixin/Markit e de serviços da China, medidos pela agência estatal NBS. Os dados de janeiro março apresentados na quinta-feira, às 22h00. Em fevereiro, o PMI da indústria ficou em 48 pontos e o de serviços bateu 52,7 pontos. Vale lembrar que resultados superiores a 50 pontos indicam aceleração, ao passo que números mais baixo refletem contração.

Relatório de Emprego (EUA) 
Principal indicador observado pelo Fed antes de subir os juros nos EUA, o relatório de março deve registrar uma criação de 200 mil vagas de acordo com a expectativa mediana do mercado. Números acima disso farão com que o Fed se sinta confortável para elevar os juros na reunião de abril. Ainda vale a pena olhar para os ganhos por hora trabalhada, que devem ter um novo avanço de 0,3% e para a taxa de desemprego, que economistas projetam que se mantenha em 4,9%. O indicador será divulgado às 9h30 da sexta-feira (1).  

Para ver a agenda completa da semana que vem, clique aqui.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.