“Placar” do Teto dos Gastos também era desfavorável um mês antes da votação: mercado pode ficar aliviado?

José Faria Júnior, diretor técnico da Wagner Investimentos, alerta para duas diferenças fundamentais que limitam a comparação direta entre os dois casos

Mário Braga

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SÃO PAULO – O “Placar da Previdência”, lançado nesta quarta-feira (5) pelo Grupo Estado, azedou os mercados domésticos ao revelar que 240 deputados são contrários mesmo a uma versão mais branda da reforma previdenciária. Na manhã desta quinta-feira (6), o número de “nãos” já havia subido para 251. Além disso, apenas 94 se dizem favoráveis ao projeto, sendo que apenas 11 concordam integralmente com os pontos apresentados pela equipe econômica.

Apesar da reação negativa, economistas consideram que ainda não é o momento para pânico, uma vez que o governo tem tempo para costurar acordos e angariar o apoio necessário. Um dos argumentos de que o “placar” não é a “pá de cal” no projeto é a comparação com o levantamento similar realizado antes da votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Teto dos Gastos, em 2016.

A LCA Consultores, por exemplo, destaca em relatório que a pesquisa divulgada pelo Estadão em 29 de agosto do ano passado também sinalizava que a PEC do Teto não seria aprovada. “Na ocasião, 220 deputados afirmaram que votariam a favor. Pouco mais de um mês depois, 366 apertaram a tecla ‘sim'”, diz o texto.

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Segundo a consultoria, “o jogo para a reforma da Previdência ainda está em andamento” e, por isso, este placar desfavorável não deve ser considerado “o atestado de óbito” do projeto.

Já José Faria Júnior, diretor técnico da Wagner Investimentos, alerta para duas diferenças fundamentais nestes dois casos que limitam a comparação direta entre os dois “placares”. “A PEC do Teto era um assunto muito distante da população e as eleições estão chegando”, destaca.

O economista faz referência ao fato de, por se tratar de um tema diretamente ligado ao dia a dia da população, a pressão popular e a articulação de movimentos sociais em torno da mudança na regra da concessão de aposentadorias tem sido maior do que quando o tema em pauta era o limite dos gastos públicos. Além disso, com a proximidade das eleições de 2018, os parlamentares estariam cada vez mais suscetíveis aos ânimos do eleitorado. 

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Na mesma linha, a LCA ressalta que a batalha atual “é mais difícil” e que pode requerer “gestos mais ousados” do Palácio do Planalto. “Uma pitada de populismo pode ser imperativa para salvar a reforma: Michel Temer pode convocar uma rede de rádio e TV para defender a reforma e anunciar que abrirá mão de sua polpuda aposentadoria como procurador do Estado de São Paulo à qual fez jus quando tinha 55 anos”, sugere o texto. Outra alternativa possível, segundo a LCA, seria uma campanha publicitária mais agressiva, já que o STF permitiu que o governo federal voltasse a veicular propagandas sobre esse tema.

Já na manhã desta quinta-feira, o presidente Michel Temer concedeu uma entrevista ao jornalista José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes, reconheceu que pode flexibilizar a proposta atual, mas que a idade mínima, uma dos pilares da reforma, será mantida. (Leia mais clicando aqui)

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