Petrobras ganha R$ 7 bi com “efeito Lula”; e Vale perde R$ 4 bi com Guiné e China

Em pontas opostas do Ibovespa, Petrobras fechou com alta de mais de 3% diante de rumores eleitorais, enquanto a Vale caiu mais de 2% com notícias negativas vindas do exterior

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em pontas opostas do Ibovespa, as ações de duas das maiores empresas da Bolsa foram destaque nesta segunda-feira (28). Fechando entre os maiores ganhos do pregão, a Petrobras ganhou R$ 6,913 bilhões em valor de mercado, enquanto a Vale, com queda de mais de 2% puxada por uma combinação de notícias negativa na China e na África, registrou perdas de R$ 3,958 bilhões de valor.

No caso da petrolífera, o ânimo para as ações vieram após a jornalista Joyce Pascowitch cravar que Lula será o candidato à presidência pelo PT, a maioria das ações de empresas estatais passou a registrar alta, apresentando um volume bastante acima da média pouco antes da publicação.

Conforme postado por Joyce no site Glamurama, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deu como certo para amigos mais próximos neste fim de semana sua intenção de voltar ao posto máximo da República. No PT, a decisão é vista com bons olhos, já que o partido não concorda com várias posições da atual presidente Dilma Rousseff. 

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Respondendo ao contato do InfoMoney, o Instituto Lula não confirmou a veracidade da notícia. “O ex-presidente reitera que não será candidato nas eleições de 2014, onde será um cabo eleitoral da presidenta Dilma, como disse na sexta-feira em entrevista à RTP”, disse o instituto em email enviado ao InfoMoney. A Petrobras viu suas ações ON (PETR3, R$ 15,65, +3,50%) e PN (PETR4, R$ 16,56, +3,30%) subirem mais de 3% cenário bem diferente do começo do pregão, quando ambas chegaram a cair 1,7%.

Vale destacar também, que nesta terça-feira (29) será divulgada uma nova pesquisa eleitoral, e rumores já começam a apontar em nova queda de Dilma nas intenções de voto. Desde o início de março, o mercado tem se mostrado que prefere a saída da presidente, com cada nova pesquisa indicando queda de Dilma levando as ações, principalmente de companhias estatais, a registrarem fortes ganhos.

Os três fatores da queda da Vale
Impedindo o dia positivo do Ibovespa, as ações da Vale (VALE3VALE5) caíram mais de 2,5% nesta segunda-feira (28) diante de uma combinação de três notícias negativas para mineradora, cenário bem diferente do que vimos na semana passada, quando a companhia subiu forte após uma vitória no STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre a tributação de subsidiárias no exterior. As ações ON e PNA da Vale caíram 2,40% e 2,72%, respectivamente, fechando a R$ 29,59 e R$ 26,75.

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Ainda no final de semana, o governo da Guiné decidiu revogar os direitos minerários detidos pela VBG, sociedade na qual a Vale detém 51%. Apesar da notícia, este é apenas o início de um briga, sendo que a própria mineradora brasileira já avisou em nota que está considerando os direitos legais e opções que tem na região. A companhia informou ainda na sexta-feira que o comitê técnico, que analisou o caso da concessão de Simandou e Zogota, não sugeriu ao governo nenhuma proibição para a companhia participar de qualquer processo de realocação desses direitos minerários.

No fim de março a Vale enviou relatório para a SEC (equivalente da CVM nos EUA), no qual a empresa admitiu, pela primeira vez oficialmente, a possibilidade de amargar a perda dos US$ 507 milhões aplicados na compra dos direitos minerários da jazida de minério de ferro de Simandou. No entanto, já circulavam no mercado informações segundo as quais a BSGR – sócia da mineradora no projeto – poderia ser excluída unilateralmente do projeto. Nesse caso, a Vale poderia permanecer em Simandou. Mas não se podia descartar, já no fim de março, também a cassação dos direitos minerários da VBG como um todo, incluindo a parte da Vale, que foi o que aconteceu.

A questão agora é saber como poderá se dar a transferência da concessão para uma terceira empresa, cenário em que a própria Vale pode ser candidata. Porém, a companhia pode realmente desistir do projeto em Simandou, já que a infraestrutura precisa ser toda construída. Além disso, a mineradora está envolvida neste momento com seu maior projeto da história, o S11D, no Pará.

Outros dois fatores que estão prejudicando as ações da companhia são os preços do minério de ferro e o cenário da siderurgia como um todo. Nesta sessão, os preços de minério na China caíram forte após a notícia de um jornal local afirmar que os bancos estão dificultando a compra da commodity por parte de tradings, exigindo mais garantias.

Segundo analistas da XP Investimentos, muitos investidores vinham comprando e se estocando com o ativo por saberem que existe uma demanda quase cativa de minério. Com isso eles poderiam ter que vender minério no mercado para levantar recursos no curto prazo.

Esse ambiente reforça a perspectiva negativa para as siderúrgicas, que já viam o cenário bastante preocupante. Segundo analistas, considerando que a produção chinesa de aço segue muito alta, existe a possibilidade de um movimento de desestocagem de minério no curto prazo, o que pode afetar as demandas da Vale para o próximo mês.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.