Petista diz que queda de Dilma é lavagem cerebral; Aécio diz que presidente deve desculpas

Resultado da pesquisa divulgada ontem apontando que 10,8% das pessoas ouvidas avaliam positivamente o governo repercutiu na Câmara e no Senado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O resultado da pesquisa divulgada ontem (23) pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes), apontando que 10,8% das pessoas ouvidas avaliam positivamente o governo da presidente Dilma Rousseff, repercutiu no Senado e na Câmara dos Deputados entre líderes do governo e da oposição.

De acordo com o líder do DEM, senador Ronaldo Caiado (GO), “o país está diante de um quadro gravíssimo, e a presidente perdeu as condições de governabilidade. Segundo ele, a presidente deveria renunciar e convocar novas eleições.

“A prevalecer o quadro como está, o Congresso Nacional deveria avaliar que não é possível dar legitimidade à fraude e à mentira. O governo não tem credenciais de se apresentar como representante da população brasileira. Não é questão de impeachment, mas até de discutir a antecipação das eleições. Estamos diante de um quadro gravíssimo. Não é questão apenas de substituir a presidente da República, mas de ouvir a sociedade brasileira”, defendeu o líder.

Sobre a avaliação negativa do Congresso Nacional, Caiado disse que as duas casas têm de ter credibilidade e apoio popular para aprovar as mudanças difíceis que o país precisa. Para o senador, se for necessário, o Congresso também pode ser submetido a novas eleições. “O político não pode ter essa condição de querer ficar encastelado em uma posição que a sociedade não considera e não respeita. Temos de ter credenciais”, acrescentou.

Já segundo o senador e ex-presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG), a pesquisa traz dados que devem preocupar o governo “em razão da desesperança e do temor que os brasileiros sentem hoje em relação ao futuro no que diz respeito às suas vidas, à inflação, ao emprego, à saúde e à educação”, ressaltando que o percentual de brasileiros preocupados com a situação econômica supera os 90% e chega a quase 93%.

Além disso, afirmou Aécio, a pesquisa também é clara ao apontar a perda de credibilidade da presidente da República, com 81% dos brasileiros sentindo “que foram enganados por falsas promessas feitas à população e que não estão sendo cumpridas”. “A presidente Dilma deve, hoje, bem mais do que um pedido de desculpas aos brasileiros pelo que o governo permitiu que ocorresse no país. Ela deve se desculpar por ter tirado de milhões de brasileiros a perspectiva de um futuro melhor”, afirmou.

Outro lado
Entre os aliados, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE) afirmou que a queda na popularidade da presidente Dilma verificada na CNT/MDA se deve a uma “lavagem cerebral midiática” e o governo recuperará a credibilidade com diálogo.

José Guimarães considera que ”as notícias são amplificadas pela mídia que promove uma verdadeira “lavagem cerebral” na população. Segundo ele, a queda de Dilma nas pesquisas é conjuntural. Assim que as medidas do ajuste forem dando resultado, a popularidade irá voltar a crescer. 

O líder do PT no Senado, senador Humberto Costa (PE), admitiu que o quadro é “preocupante”, mas que pode ser contornado. “Já vimos situações piores em governos estaduais, prefeituras e até em governos de outros países, onde, com o tempo, o processo de recuperação permitiu até a reeleição desses governantes. Com certeza, vamos recuperar sim”, afirmou Costa. 

Para o líder petista, a opinião de Ronaldo Caiado sobre uma possível renúncia da presidente é “exótica”. “Aliás, ele evoluiu, porque defendia o impeachment e agora está convencido de que não há elementos para tal. Não vivemos em um regime parlamentarista, onde o governo, por estar mal em determinado momento, pode ser substituído. Não cabe. A presidente Dilma tem um programa, implementará este programa de governo e, com certeza, estará bem mais à frente.”

Os dois líderes também comentaram o indiciamento do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, por denúncias de recebimento de doações ilegais para campanhas do partido. Segundo Costa, ainda não há provas da conduta criminosa de Vaccari e caberá ao PT decidir se ele deve se desligar ou não do partido. “Creio que, no momento adequado, o partido debaterá a questão com tranquilidade.”

Para Caiado, a permanência de Vaccari como tesoureiro do PT demonstra que a presidente Dilma não consegue cuidar “da própria casa”. “Ele foi indiciado, e o PT o mantém como tesoureiro, como homem forte do partido. E a presidente enviou para esta Casa um pacote anticorrupção. Se ela não dá o exemplo na casa e  no partido dela, como a sociedade acreditará que ela está decidida a combater a corrupção?”, indagou o líder do DEM.

(Com Agência Brasil)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.