Permanência de Renan Calheiros traz estabilidade ao Senado e governabilidade a Michel Temer

Apesar de sair fortalecido de um duro embate que se intensificou nos últimos dias, o parlamentar segue na mira de grande parcela da opinião pública e passa a ser definitivamente inimigo número 1 das ruas

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal de manter Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado pode garantir maior governabilidade à gestão Michel Temer, além de marcar um leve esfriamento na tensão institucional intensificada com a determinação liminar do ministro Marco Aurélio Mello por afastar o peemedebista do comando da casa legislativa. Essa é a leitura que faz o analista político Richard Back, da XP Investimentos, minutos após o desfecho do importante capítulo para o que se desenhava como uma crise institucional entre os poderes Judiciário e Legislativo.

“Renan é um senador articulado, com peso na casa. É um presidente que mantém relação com todas as bancadas”, observou. “Não se viu nenhuma grande bancada apoiando muito abertamente sua saída. A oposição, de forma organizada, não apoiou. Isoladamente, alguns senadores o fizeram porque viam [nessa posição] uma alternativa para atrasar a PEC 55 (que estabelece um limite para o crescimento das despesas públicas)”, complementou o especialista.

Para Back, com a permanência do peemedebista no comando da casa, a estabilidade do parlamento e do governo Michel Temer, apesar de frágil, está mantida por algum tempo. O especialista espera por um momento de reacomodação após os fortes atritos dos últimos dias, que teve seu ápice na tarde da última terça-feira, quando a Mesa Diretora do Senado Federal decidiu não cumprir determinação de Marco Aurélio Mello e aguardar decisão colegiada da corte Suprema sobre a situação de Renan Calheiros no comando da casa.

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“Difícil dizer se o Senado sai mais forte, mas Renan sai muito fortalecido”, afirmou. Na avaliação do analista político, levando-se em consideração o atual momento que se desenha para a casa legislativa, não seria surpreendente se um recente requerimento para retirar a urgência do projeto que trata de abuso de autoridade para juízes e procuradores seja aprovada em plenário. “Também não me surpreenderia se o Senado fosse mais benevolente com o Judiciário daqui para frente — não como forma de pagar, mas como reação natural à votação de hoje”.

Uma certezas que se pode chegar é que Renan Calheiros ganha em cacife político com a arriscada manobra dos últimos dias. “Renan sai fortalecido, sem dúvida. Mas também sai na mira da população. Ele é o novo inimigo público número 1 dos brasileiros que foram às ruas no último domingo, e a situação só deve ser agravada”, observou Back. Após o pedido de prisão feito pela PGR contra ele e seus correligionários Romero Jucá (PMDB-RR) e José Sarney — que acabou rejeitado pelo plenário do STF –, o peemedebista consegue, com o episódio de hoje, superar outro obstáculo duro à sua condição política.

Por outro lado, como não poderia deixar de ser, o ministro Marco Aurélio Mello é um dos nomes mais enfraquecidos após a sucessão de acontecimentos, no entendimento de Back. “Ele tomou uma decisão não muito ortodoxa de afastar um presidente do poder liminarmente e, além da rejeição de hoje do plenário, ficou quase desmoralizado com a decisão de Renan e da Mesa Diretora de não reconhecer e sequer receber o oficial de justiça ontem”, argumentou.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.