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SÃO PAULO – As eleições municipais frequentemente impactam sobre os reajustes de tarifas públicas. Muitos aumentos são adiados, ou antecipados, de acordo com a corrida eleitoral, e a análise das tarifas muitas vezes é usada como instrumento para influenciar o humor dos eleitores. A consultoria Tendências estudou a dinâmica de reajustes das tarifas de ônibus em períodos próximos às eleições e publicou relatório que aponta uma estreita relação entre as campanhas e os preços.
Segundo o relatório, publicado na segunda-feira (1º), nos últimos nove anos, os dados de reajuste mensal, fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram um comportamento influenciado pelo cenário eleitoral.
Nas 11 capitais que integram o cálculo do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a média de aumento mensal nas passagens de 1999 até 2008 foi de 0,83%. A abertura das estatísticas, entretanto, mostra que, em ano de eleições municipais a média de aumento mensal é de 0,43% e, em ano sem eleições, 1,04%.
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Padrão de reajuste
O relatório mostra, também, um padrão existente na relação entre o reajuste de tarifas de ônibus nos municípios e o resultado das eleições nessas cidades. Segundo as estatísticas, é comum que um prefeito não aumente o valor das passagens durante o ano das eleições, mas, caso ele seja reeleito, está mais propenso ao reajuste, imediatamente após o resultado das eleições. O mesmo não acontece se esse candidato é derrotado.
De acordo com a consultoria Tendências, para o prefeito reeleito, o prejuízo pelo reajuste é menor que o benefício, por dois motivos: em primeiro lugar, porque as próximas eleições municipais estão distantes, logo, há menor prejuízo eleitoral causado pelo aumento na tarifa; além disso, as empresas de ônibus, nessa época, tendem a fazer maior pressão, reivindicando mais receitas.
No caso da derrota, o raciocínio é simétrico. O candidato derrotado não terá incentivos para reajustar as tarifas, pois, caso o faça, estaria isentando seu adversário, que o venceu, do prejuízo de uma ação impopular.
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Tendência observada
Durante a corrida eleitoral municipal em 2004, das 11 capitais pesquisadas para compor o IPCA, cinco não haviam reajustado suas tarifas de ônibus naquele ano. Nessas cinco capitais selecionadas (Recife, Belo Horizonte, Goiânia, São Paulo e Salvador), as hipóteses apresentadas foram confirmadas. Enquanto os reeleitos reajustaram as tarifas no mesmo ano, aqueles derrotados por adversários políticos não reajustaram.
São Paulo chama a atenção quando se analisa o período eleitoral considerando o reajuste das tarifas de ônibus como critério. O prefeito Celso Pitta passou os últimos 22 meses de sua gestão sem elevar o preço da passagem. Não foi reeleito e, no começo de 2001, a recém-empossada Marta Suplicy (PT) aumentou o preço em aproximadamente 20%. Fenômeno semelhante aconteceu após a derrota da candidata do PT para José Serra (PSDB) em 2004.
Nesse ano, segundo o relatório, o cenário é semelhante. Das 11 capitais componentes do IPCA, seis ainda não reajustaram as tarifas. Destas, São Paulo, que tem o maior peso na ponderação do índice que mede a inflação, está sem reajuste de tarifas desde novembro de 2006.
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