Percepção do investidor estrangeiro continua ruim com o Brasil, aponta XP

Para equipe de análise, política econômica brasileira continua perdendo credibilidade e mostra esgotamento de modelo de crescimento

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Ao contrário do demonstrado por alguns analistas e grandes executivos, os investidores estrangeiros não demonstraram tanta animação em investir no Brasil durante evento realizado pela Bloomberg Link. Segundo o analista da XP Investimentos, Daniel Cunha, a política econômica brasileira continua perdendo credibilidade, devido à prioridade em crescimento no curto prazo combinada ao risco de inflação mais à frente.

Já com relação às aplicações, a percepção dos investidores é de que apesar de haver investimentos atrativos, o Brasil apresenta muita incerteza com relação à sua política econômica, procurando evitar o País por já contarem também com o alto nível de risco no mercado internacional.

Dentre as opiniões de destaque de grandes executivos, esteve a declaração do diretor de relações com investidores da Vale (VALE3;VALE5), Roberto Castello Branco. “A era de ouro da demanda por commodities industriais na China acabou. E, no momento, os sinais de recuperação chinesa estão se mostrando fracos. Vejam: não estou pessimista. Estou sendo realista”, demonstrando que o período de “fartura” com o crescimento econômico brasileiro parece ter se esgotado. 

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Brasil e México: exemplos opostos
Como exemplo para a política do País, ao analista da XP compara as situações opostas em que vivem o Brasil e o México. Enquanto o Brasil apresentou crescimento do PIB em 12% acima dos níveis pré-crise, os mexicanos tiveram apenas a metade dessa alta.

Entretanto, o segundo país teve crescimento mais sustentável no período, com uma política fiscal mais controlada, expectativas de inflação ancoradas no centro da meta, um mercado de crédito mais equilibrado e uma abertura gradual da economia, avalia a equipe.

Enquanto isso, o Brasil fez exatamente o contrário, aponta Cunha. “Resultado: o México cresceu 4,0% ano passado e nós 2,7% e, salvo fortes surpresas, o país crescerá outros 4% este ano e nós vamos crescer menos de 2,0%”, afirma o analista, ressaltando ainda que a economia mexicana está exposta aos Estados Unidos. Enquanto isso, a exposição maior no Brasil é em relação à China, que já não apresenta tanta demanda quanto nos últimos anos.

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Bons sinais 
Enquanto o Brasil se pautou no crescimento de curto prazo, o México buscou elevar sua produtividade. Agora, em um momento em que a “fonte de crescimento” do Brasil parece ter se esgotado, o País busca correr “atrás do atraso”, por meio dos planos de infraestrutura anunciados pelo governo, o que foi considerado um “bom sinal” pelo analista. 

Desse modo, é claro pensar que o grande fluxo de capitais que se destinava ao Brasil – atrás de uma taxa de juro elevada, um câmbio em apreciação e devido ao mercado aquecido de commodities – acabou.

Nesse cenário, o Brasil terá que lutar para voltar a atrair fluxo de capitais e o governo, que atuava na direção oposta mudar constantemente as regras de tributação e alíquota, parece vir mudando. “As regras do jogo não são claras e podem mudar rapidamente. Isto é ruim para fluxo. Devemos permanecer neste contexto ainda por um tempo”, finaliza Cunha.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.