Para maioria, falas de Bolsonaro foram inadequadas e atrapalham o país, mostra XP/Ipespe

Apesar das reações negativas ao tom adotado pelo presidente, a pesquisa registrou alterações dentro da margem de erro nas avaliações do governo pela população

Marcos Mortari

(Reprodução/ Facebook)

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SÃO PAULO – A enxurrada de declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre a ditadura militar e os ataques proferidos a jornalistas, governadores nordestinos e à atuação de instituições dedicadas à preservação do meio ambiente, nas últimas semanas, geraram reações majoritariamente negativas junto à opinião pública e acenderam um tom de preocupação quanto às possíveis consequências da conduta assumida pelo pesselista.

É o que mostra a 11ª edição da pesquisa nacional XP/Ipespe, realizada entre os dias 5 e 7 de agosto. De acordo com o levantamento, divulgado nesta sexta-feira (9), 55% dos entrevistados avaliam como inadequadas as falas proferidas pelo presidente nos últimos dias. Já 43% as veem como naturais e acreditam que expressam sua forma de ser. Outros 3% não souberam ou não quiseram responder.

Gráfico 1: O saldo da radicalização do presidente

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A pesquisa ouviu 1.000 eleitores, de todas as regiões do país, através de ligações telefônicas conduzidas por operadores. A margem máxima de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo. Vale ressaltar que as somas dos percentuais, em alguns casos, supera 100%, em função do arredondamento de casas decimais feito pelos autores do levantamento.

Os resultados foram assunto do último episódio do podcast Frequência Política, feito em parceria pela equipe de análise política da XP Investimentos e o InfoMoney. Você pode ouvir a íntegra pelo Spotify, Spreaker, iTunes, Google Podcasts e Castbox, ou então fazer o download clicando aqui.

Nos últimos dias, Bolsonaro contestou dados sobre o desmatamento da Amazônia, com questionamentos abertos direcionados ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que culminaram na demissão de Ricardo Galvão do comando da instituição.

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O presidente também questionou casos ocorridos durante a ditadura militar (1964-1985), especialmente o que envolveu o desaparecimento, em fevereiro de 1974, de Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira, pai do atual presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz.

O presidente também negou que a jornalista Miriam Leitão foi torturada na ditadura militar. Grávida, aos 19 anos, ela foi presa, espancada, torturada e ameaçada de estupro pela ditadura em 1973, em Vitória.

O jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil (responsável pela recente divulgação de conversas privadas de autoridades), também foi alvo de ataques de Bolsonaro. O pesselista chegou a dizer que o jornalista poderia “pegar uma cana aqui no Brasil”.

A XP/Ipespe também mostrou que, quando questionados sobre os impactos de tal postura sobre a administração do Brasil, a maioria dos entrevistados (72%) respondeu ver influência “muito” ou “um pouco” negativa. Outros 26% dizem que as declarações do pesselista não atrapalham a gestão em curso.

Gráfico 2: As consequências das declarações

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Apesar dos impactos das falas do presidente, a pesquisa registrou alterações dentro da margem de erro nas avaliações do governo pela população. Segundo o levantamento, 33% dos eleitores classificam a atual administração como “ótima” ou “boa”, contra 38% de “ruim” ou “péssima”.

Em julho, tais grupos correspondiam a 34% e 35% do eleitorado, respectivamente. Olhando em perspectiva, porém, nota-se um crescimento significativo das avaliações negativas e redução das positivas. No segundo mês de governo, Bolsonaro contava com 40% de classificações favoráveis e apenas 17% desfavoráveis.

A atual fotografia reforça a imagem de um país dividido em dois ou três grupos com proporções similares, o que é reforçado pela estratégia política adotada por Bolsonaro. Além disso, ela mostra que em nenhum momento a vantagem das avaliações negativas sobre as positivas foi tão grande.

Gráfico 3: Como os eleitores avaliam o governo?

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O levantamento mostrou, ainda, que as expectativas com o futuro do governo seguem favoráveis, embora menos do que nos meses anteriores. Agora, 44% dos entrevistados esperam uma gestão “ótima” ou “boa” – 19 pontos percentuais a menos do que em janeiro. Outros 31% apostam em uma administração “ruim” ou “péssima”, crescimento de 16 p.p. no mesmo comparativo.

Gráfico 4: O que esperam de Bolsonaro ao longo do mandato?

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.