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SÃO PAULO – Após destacar, por meses, que o mercado estava “votando e não investindo”, o Fundo Verde, um dos maiores hedge funds do mundo, destacou a “virada nas eleições” após o “black swan”, com a morte do candidato Eduardo Campos (PSB) em um trágico acidente aéreo e a entrada de Marina Silva na disputa.
Se antes o gestor do fundo, Luis Stuhlberger, apontava que Dilma Rousseff (PT) deveria vencer as eleições, mesmo em um páreo mais difícil, enquanto o mercado apontava que não e essa era a justificativa para o mau desempenho do fundo, este foi o “momento da virada”. Em carta comentando o desempenho do fundo em agosto, mês em que o fundo rendeu 1,76% negativo, Stuhlberger vê agora uma chance de oposição vença, através de Marina Silva. “Vemos uma possibilidade de 70% de Marina ganhar as eleições e, com isso, herdar um quadro econômico e social muito complicado e sem uma ampla base no Congresso que lhe garanta governabilidade”, ressaltou.
A carta destaca que a deterioração do tripé fiscal/crescimento/inflação é crescente e já superior às previsões enquanto, por outro lado, a parte externa continua satisfatória, graças à nossa muito boa exportação de commodities, ao fato de a China estar indo bem e aos nossos juros altos que continuam a atrair capital (com juro zero no mundo).
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Por sua vez, “o abalo dos fundamentos de maneira tão forte, somado a um aumento da perda de confiança empresarial, e a desaceleração de dois setores de extrema relevância para o PIB brasileiro – automotivo e de construção civil – levam a uma estagnação e uma maior probabilidade de perda do grau de investimento em pouco tempo”. Porém, o Fundo Verde sempre achou que o PT continuaria no poder por pelo menos mais um mandato. Isso porque, avaliavam, era difícil imaginar que depois de todos os benefícios oferecidos na área social a população votante entre zero e cinco salários mínimos acabaria não votando pela continuidade do governo. “Tínhamos convicção de que seria apertado, mas que o PSDB não levaria”, ressalta.
O Fundo Verde apontava que, com a avaliação do governo tendendo a melhorar ao longo da campanha em linha com as últimas eleições e na medida que o governo consegue converter praticamente todo o voto dos que avaliam o governo de maneira positiva, Dilma deveria se reeleger.
A virada
Porém, houve o “black swan” com o trágico acidente de Campos que alçou Marina como candidata do PSB e alterou o quadro de maneira dramática. Isso por que a ex-senadora pelo Acre conseguiu mudar de maneira muito expressiva os parâmetros de conversão de voto. Com ela na disputa, Dilma não consegue mais converter 90% dos votos dos que avaliam o governo como ótimo ou bom, mas apenas algo inferior a 80% – uma queda de mais de 10 pontos percentuais, afirma, o que coloca Marina numa situação mais favorável para vencer as eleições de outubro.
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O Fundo ressalta ainda que um aspecto relevante é o voto evangélico, que faz com que mesmo uma pessoa que avalie bem o governo prefira votar em Marina. “Ainda falta bastante tempo para o segundo turno, e essas taxas de conversão podem voltar para o padrão histórico, o que tornaria o quadro mais apertado”, destaca.
Com a grande possibilidade de que Marina vença, de 70%, o fundo destacou os desafios da nova gestão. Além de não contar com uma ampla base de apoio no Congresso, a herança econômica já é seria, por si só, bastante difícil de lidar e cita alguns exemplos:
O Fundo Verde ressalta que, se Marina vencer, a expectativa é na melhora qualidade de capital humano nos ministérios, nas agências reguladoras, na gestão das estatais e na mentalidade em geral. “Somos céticos, porém, em relação a reformas estruturais (impopulares), que normalmente são feitas quando a situação econômica entra em desespero (é o que mostra a história mundial econômica), o que ainda não é o caso do Brasil, que está apenas desanimado”, afirma.
Ele justifica a análise pelo que foi visto anteriormente no passado recente no Brasil: “o Lula de certa forma montou um bom time econômico e cuidou do lado social. Então, os eleitores de baixa renda tendem a ver a Marina com certa similaridade. Entretanto, o que precisa ser levado em conta é que ele tinha uma margem de manobra para aumentar os gastos em 8% ao ano acima da inflação, surfando o boom de crédito, commodities e formalização, e pode-se creditar certo otimismo também aos preços da época: dólar a R$ 4,00, Ibovespa a 11.270 pontos, juro real em níveis de 11% ao ano e risco Brasil a 1.445 pontos-base de spread over Treasury. Hoje, 12 anos depois, os booms ficaram para trás e não existe margem de manobra fiscal”, ressalta.
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