Para Financial Times, cada dia é uma agonia para o Brasil

Jornal britânico destaca crise no País e ressalta que se Temer estabilizar a economia, já será um sucesso; publicação também destaca que enfraquecimento da esquerda no Brasil ecoará pela região

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em matéria publicada no último domingo, o jornal britânico Financial Times destacou “os contos do Brasil em sua agonia diária”, ao falar sobre as crises política e financeira que assolam o País. O jornal ressalta a falta de recursos que assola os cofres públicos, enquanto os funcionários públicos do Rio de Janeiro, que desfrutavam de certa estabilidade, lutam para receber salários atrasados ou renegociar pensões.

 “Cada dia é uma agonia”, diz Julio Bueno, secretário de finanças estado do Rio, sobre os esforços para equilibrar o orçamento. “A única saída é o Brasil voltar a crescer”, afirmou Bueno ao jornal. 

A publicação britânica lembra que, seguindo a decisão do Senado de afastar a presidente Dilma Rousseff de seu mandato e iniciar o processo de impeachment contra ela, analistas avaliam que ainda levará anos para reverter “o mal-estar causado pelas medidas econômicas adotadas nos últimos anos pelo governo do PT”.  Michel Temer assumiu como presidente em exercício, e há dúvidas sobre a habilidade dele de levar a uma mudança na economia. Para a maioria dos brasileiros, a mudança – qualquer tipo de mudança – não será breve.

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“Uma nação que ha alguns anos atrás, vangloriava-se de sua condição econômica em ascensão no mundo está sofrendo uma reversão impressionante. Após crescer 7,5% em 2010, um ano antes de Dilma Rousseff tomar posse, o PIB no ano passado contraiu 3,8% e é esperado que encolha novamente este ano. O desemprego passou de um recorde de baixa de 4% em dezembro de 2014 para 10,9%. Um sentimento de tristeza paira sobre o país a menos de três meses antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos no estádio do Maracanã, no Rio”, diz o FT.

Se Temer estabilizar a economia antes das eleições previstas para 2018, será visto com um sucesso, diz o jornal. “O crescimento real seria um milagre. Sua capacidade de realizar reformas estruturais importantes, no que diz respeito ao orçamento do Brasil e sistema de pensões, é questionável, dada a incerteza política com parte de seu novo gabinete já implicado em investigações de corrupção, mesmo antes dele assumir o cargo na semana passada”. 

“As pessoas que irão gerir o país pelos próximos dois anos têm uma grande responsabilidade para com os jovens brasileiros”, disse o presidente executivo da Pirelli na América Latina, Paolo Dal Pin Paolo Dal Pino, ao jornal. “Se eles não fizerem o que nós esperamos que eles vão fazer, vamos perder 10 anos.”

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Conforme destaca a publicação, a má gestão da economia, bem como desaceleração da economia da China, são apontadas como responsáveis pela crise atual. O governo Dilma tentou conter a queda da economia mantendo as torneiras fiscais abertas, aponta o jornal, mas a estratégia se mostrou falha em meio ao susto dos mercados com o cenário de deterioração fiscal. A corrupção também desempenhou um papel enorme na falta de credibilidade dos investidores estrangeiros, segundo analistas.  

Vale lembrar que, em matéria da última sexta-feira, o Financial Times destacou que o enfraquecimento da esquerda no País encontrará ecos na América do Sul como um todo afirmando que, ao longo da última década, muitos governos de esquerda da América do Sul recorreram ao PT. “O Brasil demonstrou ‘paciência estratégica’ com vizinhos como a Bolívia e a socialista Venezuela. Com Havana, também, o Brasil teve visão de longo prazo sobre a transição cubana. Mas boa parte da América do Sul está pendendo para o centro do espectro político”, ressalta o jornal. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.