Publicidade
SÃO PAULO – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) reforçou mais uma vez ser contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT), mas desta vez reconheceu que as condições para ela governar estão ficando complicadas. “Nós temos que respeitar as instituições democráticas e a presidente Dilma foi eleita (…), mas ela está perdendo as condições políticas de governar”, disse FHC ao programa Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan nesta quarta-feira (18).
A declaração ocorre após pesquisa Datafolha mostrar nesta manhã que a taxa das pessoas que avaliam negativamente o governo Dilma chegou a 62%, uma expressiva alta de 18 pontos percentuais desde o levantamento de fevereiro. Enquanto isso, a taxa de aprovação do governo é de apenas 13%, uma queda de 10 pontos percentuais. “Esses números expressam o descrédito do governo”, disse FHC. “A presidente Dilma tem que enfrentar a realidade (…) e é uma realidade de desaprovação”.
O ex-presidente ainda ressaltou que o PSDB deve “apertar o cerco” de Dilma, o que vai de encontro com as notícias de ontem, com o senador Aécio Neves tentando unir a oposição para pedir a investigação da presidente sobre as denúncias da Lava Jato. “Não está em jogo no Brasil a democracia, pelo contrário, nós queremos mais democracia, e a democracia exige que a lei se cumpra”, disse FHC.
Masterclass
O Poder da Renda Fixa Turbo
Aprenda na prática como aumentar o seu patrimônio com rentabilidade, simplicidade e segurança (e ainda ganhe 02 presentes do InfoMoney)
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.
Ele ainda afirmou que Dilma deveria se explicar melhor para a população sobre os ajustes fiscais e que o que tem sido feito pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy é uma “operação sem anestesia”. “O que está acontecendo agora é que existe perda de popularidade e de credibilidade política”, afirmou.
Petrobras foi saqueada
Ontem, em entrevista ao Broadcast Político, FHC afirmou que a Petrobras foi saqueada por aqueles que deveriam defendê-la, cobrando que Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff assumam a responsabilidade por essa grave crise provocada pelos escândalos que assolam a estatal. “Eles não podem simplesmente dizer que sempre houve corrupção, há um fato grave ligando setores do governo com empresas estatais, setores políticos e privados, e tudo isso tem de ser passado a limpo”, afirmou.
O ex-presidente também rebatou o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que afirmou que durante o primeiro mandato de FHC teve início a corrupção na Petrobras. “Desviar o foco da situação para o passado é manobra que não se sustenta e este decreto poderia ter sido revogado nos 12 anos de gestão petista, caso ele fosse a causa real da corrupção”, disse o tucano.
Continua depois da publicidade
Por fim, FHC disse estar preocupado com a situação do País e que “este é um momento delicado”, afirmando que não vai se furtar a uma eventual conversa com Dilma e Lula em prol da busca de soluções para a atual crise que assola o País. Por outro lado, ele disse que para que exista uma chance disso ocorrer, Lula e Dilma teriam que assumir suas responsabilidades pela atual situação, “mesmo que não sejam culpados pessoalmente”.
PT nasceu arrogante
Já ao jornal O Estado de S. Paulo, Fernando Henrique afirmou que o PT nasceu “arrogante”, com uma proposta “salvacionista”, mas com o escândalo do mensalão e as novas evidências de corrupção na Petrobras foi “perdendo a imagem de ser um partido capaz de purificar”. Para fundamentar sua crítica, o tucano voltou às origens. “Não gosto quando o ponto de partida é dizer ‘eu sou o bom, eu sou o salvador’, porque isso é um mau começo e o PT foi muito arrogante nesse sentido. Porque tem uma ideia autoritária”, disse.
Para ele, durante sua trajetória, o partido se tornou “autoritário”. “O PT tem realmente um resquício de visão hegemônica no sentido autoritário, não no sentido de ter capacidade de influir via ideias e valores, mas no sentido de impor, via organização e poder”, declarou.
Continua depois da publicidade
O ex-presidente fez uma ressalva sobre as críticas de que a presidente Dilma é arrogante e por isso não consegue sustentar seu apoio no Congresso Nacional. “A questão da humildade é equivocada. Tem pessoas que são mais arrogantes que outras, outros que são mais simpáticos ou mais humildes. Não é isso que faz diferença. É muito mais a questão da veracidade e da capacidade de conduzir o processo político. Uns são arrogantes e conduzem, outros são mais simpáticos e conduzem, outros arrogantes e não conduzem. Mas agora ninguém acredita muito quando ela chama para dialogar”, afirmou.
Newsletter
Infomorning
Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.