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SÃO PAULO – “Um raro caso no cenário internacional de sólidas políticas macroeconômicas aliadas a atraentes rendimentos dado o patamar de suas taxas de juros”. Assim Brigitte Posch, vice-presidente executiva da Pimco, define o mercado brasileiro. A frase pertence a relatório divulgado na última quinta-feira (25), tomado em sua maior parte por grande otimismo.
Na visão de Posch, o contínuo amadurecimento da economia brasileira sustenta uma tendência em longo prazo de queda ao juro básico, em direção a patamares mais em linha com as médias lá fora. Entretanto, por ora, “o gap entre o Brasil e outros países também agraciados com investment grade faz com que o mercado seja um dos mais atraentes no mundo”, opina a executiva.
Segundo Posch, a grande atratividade do mercado brasileiro é pouco afetada pelos encargos do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que desde outubro incide também sobre a entrada de capital estrangeiro em investimentos em renda fixa e variável.
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Indagada sobre suas projeções para este ano, Posch reforça o coro majoritário entre os analistas de um aperto monetário por vir no Brasil em 2010. “Todavia, acredito que o mercado esteja muito a frente de si, precificando uma elevação maior que a provável no juro do País”, arrisca.
Novos mercados em expansão
Outro aspecto comentado por Brigitte Posch foi o amadurecimento de outros mercados brasileiros, que não o de ações e os de instrumentos mais tradicionais de renda fixa, “relativamente grande e com boa liquidez para uma economia emergente”.
Posch refere-se, por exemplo, ao crescimento do mercado de securitização brasileiro. “Embora o volume constatado em tal segmento na América Latina tenha caído em 2009, no Brasil, ele cresceu em cerca de 20%”, comenta a executiva, que destaca, entre outros instrumentos, os CDOs (Collateralized Debt Obligations). “Em 2010, esperamos que os volumes mantenham-se relativamente estáveis”.
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Por sua vez, o mercado brasileiro de títulos de dívida corporativos permanece subdesenvolvido, e assim deverá permanecer por certo tempo, na visão de Posch. “Isto é facilmente explicado pelo fato de que as taxas de juros no Brasil seguem relativamente altas, fazendo com que seja caro para as corporações locais se alavancarem domesticamente”, explica.
Com a taxa Selic ainda a patamares muito elevados, Posch argumenta que grande parte das companhias acaba optando por outras vias de captação de recursos, como o lançamento de ações no mercado ou captações no cenário externo. “Isto pode mudar, mas somente num horizonte mais em longo prazo”, diz.
Investimentos e eleições
Se a expansão do mercado de títulos corporativos inspira certa cautela em Posch, a executiva é só elogios no que diz respeito aos investimentos em infra-estrutura no País. “Os números não mentem: nos últimos anos, investimentos cresceram de R$ 12 bilhões para R$ 75 bilhões em 2009, e têm tudo para atingir R$ 100 bilhões em 2011”, destaca.
Posch vê com bons olhos as perspectivas inerentes aos eventos que o Brasil sediará em 2014 e em 2016: a Copa do Mundo de futebol e os Jogos Olímpicos, respectivamente. Ademais, ao mesmo tempo em que elogia a atuação do governo, destaca também o crescente envolvimento do setor privado nos investimentos, sobretudo dos fundos de private equity.
Por fim, a executiva da maior gestora de fundos do mundo também aponta suas perspectivas quanto às eleições presidenciais deste ano. “Não esperamos uma volatilidade como a vista em 2002. Após oito anos, os temores quanto à manutenção dos elementos básicos macroeconômicos – metas à inflação, taxas flutuantes de câmbio e austeridade fiscal – estão mais que dissipados. Desta vez, quem quer que vença as eleições, muito provavelmente manterá o tripé inalterado”, prevê Posch.
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