Para ex-professor de Levy, ministro é determinado e tem apoio: governo não voltará atrás

Porém, o ambiente não será tão fácil e Joaquim Levy precisa ir além dos ajustes macroeconômicos de curto prazo e mostrar reformas microeconômicas de longo prazo, destaca Aloisio Pessoa de Araujo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mostrou a que veio ao dar as primeiras indicações de ajustes fiscal. E, segundo o ex-professor do atual ministro, Aloisio Pessoa de Araujo, o cenário que se desenha é positivo dada a vasta experiência de Levy no setor público como secretário do Tesouro no Rio de Janeiro. Porém, o ambiente não será tão fácil e Levy precisa ir além dos ajustes macroeconômicos de curto prazo e mostrar reformas microeconômicas de longo prazo. 

Economista e estatístico, Araújo foi professor de Levy durante o mestrado na FGV (Fundação Getulio Vargas) no Rio. Ele diz que seu ex-aluno é bem preparado tendo em vista a sua experiência no setor público como secretário do Tesouro no governo Lula e na secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro. Além disso, está muito determinado a fazer os ajustes necessários.

“O momento é difícil também no âmbito internacional. Não há crise aguda, mas também não há forte expansão e muita coisa ainda precisa ser feita”. Por outro lado, ressalta o professor, é preciso complementar o anúncio de medidas macroeconômicas com medidas microeconômicas, como simplificação tributária, volta dos leilões de petróleo e infraestrutura e até por outros anúncios que sejam de competência de outras pastas, como abertura do comércio exterior.

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“Acredito muito na necessidade de se complementar com medidas microeconômicas para que a economia sofra menos com a contenção de gastos. E, num primeiro momento, também é preciso retirar as ineficiências da economia”, afirma.

A simplificação tributária seria essencial, diz o professor, mas destacou que já houve avanços. É o caso das reformas das pensões, anunciadas no final do ano passado, com a proposta do governo de redução da pensões para os mais jovens.

Apoio político
Mas será que Joaquim Levy teria apoio político para realizar as novas medidas de ajuste que ele planeja? Segundo Aloysio, ele terá sim. “O governo não vai voltar atrás, fez a aposta e vai seguir nesta linha. Se ele foi anunciado [como ministro], não vai ter razão para ser diferente. Ele é uma das pessoas mais adequadas para fazer isso, foi para lá para fazer isso, é a trajetória dele”.

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Perguntado sobre o apelido de “mãos-de-tesoura” que Levy recebeu em sua passagem pela secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro, Araújo brincou: “alguém tem que jogar na retranca, se todo mundo jogar no ataque não tem como”. 

E também mostra um cenário mais otimista: o tamanho da recessão talvez nem seja tão grande por que o mercado já vai perceber que as coisas estão melhorando. E destacou: “a curto prazo, o corte de gastos é recessivo. Mas agora, com as políticas fiscal e monetária mais coordenadas, pode-se perceber que o ajuste será mais rápido. Assim, destaca-se ainda que pode haver uma melhora da qualidade do gasto associada ao ciclo de alta da Selic que, se bem sinalizado, pode indicar altas menores pela frente. 

E reforça ainda que Levy conta com outra ajuda para decidir sobre as “medidas paralelas”, que também podem ser elaboradas por Afonso Arinos, atual secretário de política econômica. Vale ressaltar que, tutor de Levy e Arinos durante o mestrado, o professor foi responsável pela indicação de ambos ao doutorado em Chicago: “Afonso Arinos é adequado, mas precisa de apoios políticos para que o fiscal não seja tão difícil e que se possa também avançar nas outras linhas”, afirmou. 

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O ex-professor de Levy também mostra confiança de que o ministro deve alcançar a meta de 1,2% do superávit primário em relação ao PIB: “quando ele anunciou isso, pensou bem e sabe bem aonde pode cortar”, afirma o professor. Contudo, o cenário é de um ajuste duro, ainda mais levando em conta as “pedaladas fiscais” que já devem refletir nos resultados deste ano. 

Levy em Davos
O ex-professor de Levy ainda destacou o papel do ministro da Fazenda no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça. Segundo Aloisio, Levy vai dar credibilidade sobre os próximos passos a serem dados pelo governo brasileiro. 

Em coletiva à imprensa em meados de janeiro, o ministro reforçou que levaria ao evento a mensagem de que “o Brasil é uma economia que tem grandes recursos e com mudanças na sua política econômica”, destacando que irá mostrar o Brasil com novas políticas. Acrescentou ainda falando que o País é uma economia de mercado, em que a iniciativa privada “é quem toca a banda”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.