Para economista-chefe do Bradesco, mercado fará leitura fria dos resultados eleitorais

Em palestra no Brasil Investment Summit, Octávio de Barros diz que política estável é ponto positivo por dar mais visibilidade à economia

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SÃO PAULO – A política brasileira não deve interferir nas condições macroeconômicas do país, na opinião de Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco. Em evento realizado em São Paulo nesta terça-feira (27), Brasil Investment Summit 2010, o economista falou que o resultado das eleições presidenciais em outubro é praticamente irrelevante para investidores estrangeiros.

Mesmo acreditando que a tensão eleitoral possa trazer volatilidade ao mercado de capitais e ao câmbio neste ano, dificilmente ela terá impacto na agenda da iniciativa privada. “Os debates privados vão passar ao largo das eleições de outubro. Os mercados vão fazer uma leitura fria dos resultados eleitorais”, diz.

Para ele, toda essa estabilidade econômica é positiva no sentido de contribuir para que o país seja bem visto perante o investidor estrangeiro, especialmente no que tange a previsibilidade. “Hoje projetamos que entre 1,5 e 2 pontos percentuais do PIB [Produto Interno Bruto] será fruto de ganhos de previsibilidade”, fala.

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Com isso, a equipe de análise do Bradesco estima que a economia brasileira cresça a uma taxa de 4,7% este ano, abaixo dos 6,4% em média estimados pelo mercado. Esta visão mais “cética” e “factível”, segundo Barros, não leva em conta as reformas previstas para o país, uma vez que o Brasil deixa a desejar no que tange a mudanças rápidas.´

Reformas, inflação e situação fiscal
“O Brasil poderia rodar a taxas mais fortes, mas a agenda dos custos de transação é lenta. Falta apetite por reformas”, comenta. Ele também destaca que o Brasil está com duas outras questões a serem resolvidas: a inflação crescente e a situação fiscal.

No caso da inflação, o economista-chefe do Bradesco reiterou que o regime de metas implementado pelo Bacen é um dos “maiores ganhos institucionais do Brasil nos último 25 anos” e que, portanto, precisa ser preservado.

“O mercado já está projetando uma taxa de inflação de quase 5,8% para o final do ano [IPCA medido pelo relatório Focus] e de 4,7% para 2011; o governo precisa tomar alguma medida para conter esse quadro. O amadurecimento institucional também gera crescimento”, reitera.

Já no caso da questão fiscal, as contas públicas brasileiras precisam, na visão de Barros, entrar na agenda de problemas a serem resolvidos logo. “O Brasil precisa limitar seus gastos públicos para que estes fiquem abaixo do crescimento do PIB nominal”, recomenda.

Cenário
Barros comenta ainda que a crise financeira mundial mostrou ao mundo que não são mais os países desenvolvidos, como os membros do G-7, que liderarão o crescimento do PIB mundial daqui pra frente. O E-7, grupo dos sete países emergentes que mais apresentam potencial de avanço, devem ser os drivers daqui em diante.

“As previsões apontam para o E-7 alcançando o G-7 em termos de PPP, paridade de poder de compra, em 2017”, destaca. Ele fala ainda que ao comparar as perspectivas para o consumo, indústria e até aumento da participação no comércio global, as economias emergentes estão se destacando.

“Devemos também ficar de olho na China. O mundo todo balança com a China atualmente e o Brasil, por ser dependente do comércio de commodities, principalmente”, fala. Ele exemplifica a importância que o gigante asiático vem adquirindo com os números de participação no comércio bilateral com o Brasil.

Entre 2001 e 2009, a China passou de uma fatia de 1% das exportações totais brasileiras para 12,8%. Enquanto isso, os EUA só decresceram, passando de mais de 20% para 10,6% no ano passado.

“No mundo, a China já representa 10% das exportações globais e 8% das importações. O consumo das famílias chinesas em relação ao PIB do país é de 35% ao passo que nos EUA essa relação é de 70%, ou seja, ela ainda tem muito espaço para crescer. Mas é preciso ficar de olho em seus movimentos”, conclui.

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