Para Brasil cair no ranking de maior juro real, Selic deveria estar em 9,25% a.a.

Segundo a Uptrend, dessa forma o juro anual real ficaria em 4,7%a.a. - dois pontos percentuais abaixo da realidade atual

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Para que o Brasil parasse de oscilar entre o primeiro e o segundo lugares na lista de países com maior taxa de juro real*, a Selic – taxa básica de juros da economia – deveria ficar em 9,25% ao ano – o que não deve ocorrer antes de 2010. A estimativa é da consultoria econômica Uptrend.

“Brasil e Turquia, os dois primeiros lugares, têm uma taxa muito superior à do terceiro colocado, a Austrália”, explicou Thiago Davino, economista da empresa. As variações são de 6,7% para os dois primeiros e de 4,9% para o terceiro, levando em consideração inflação projetada para os próximos 12 meses.

Com juro anual de 9,25%, as taxas reais seriam de 6,7% para Turquia, 4,9% para Austrália e 4,7% para o Brasil – todas ao ano.

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Problemas na infra-estrutura

Na noite da última quarta-feira (5), o Copom (Comitê de Politica Monetária) optou em manter a Selic, pela quarta reunião consecutiva, em 11,25% ao ano. Novos cortes, apostam analistas, não devem vir antes do fim do primeiro semestre. E Davino é menos otimista ainda quanto à data em que o País terá a Selic inferior a dois dígitos.

“Isso não deve ocorrer antes do final do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo porque a inflação não é apenas a preocupação do Copom, mas também a infra-estrutura deficitária do Brasil, que impede um aumento maior do consumo”, contextualizou.

O economista explica que a estrutura de logística – praticamente em sua totalidade feita via transporte rodoviário – não suportaria um aumento muito acentuado da demanda dos consumidores, já bastante reprimida.

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“E não é apenas esse problema. Com o PIB [Produto Interno Bruto] crescendo a uma taxa de 5,5% ao ano, em pouco tempo haverá um apagão de energia elétrica”, afirmou, fazendo coro a previsões de especialistas do setor.

Sem impacto

Vale lembrar que, segundo Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), esse cenário de país com maior juro real do mundo não compromete o mercado de crédito.

Assim como o aumento em 0,38% do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), praticado em janeiro último, não reduziu a perspectiva para avanço na liberação de dinheiro ao consumidor – que é pacificada em torno de 20% para este ano – essa informação não “assustará”.

“As pessoas ainda estão muito preocupadas com a parcela que cabe no bolso, sem se importar com o custo final do financiamento”, lembrou. Oliveira acredita que um barateamento do crédito virá apenas no segundo semestre do ano, quando a Selic deve, conforme sinaliza o Banco Central, voltar à sua tendência de retração.

Apenas para se ter uma idéia, em janeiro a taxa média de juro cobrada do consumidor subiu para 7,23% ao mês, ante variação de 7,18% verificada em dezembro.

*taxa básica de juros descontada a inflação

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