Para BofA, certa volatilidade é inescapável em ano de eleições

Serra pode mexer na política monetária e Dilma desequilibrar política fiscal, mas investidores não são recompensados por riscos

Tainara Machado

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SÃO PAULO – Para o Bank of America Merrill Lynch, por mais que a expectativa seja de uma transição suave no cenário político brasileiro, as eleições de outubro deste ano não devem ser tratadas como um “não-evento”. Para a instituição norte-americana, nem Dilma Rousseff, nem José Serra oferecem riscos suficientes para replicar a histeria que dominou o mercado financeiro em 2002.

Ainda assim, ciclos políticos trazem riscos inerentes que não podem ser desprezados. Como prova, o banco aponta três períodos de volatilidade acima do comum presenciados pelo Brasil. Um deles aconteceu após a crise de derivativos corporativos, no final de 2008. Os outros dois, demonstra, são frutos de eventos políticos. O primeiro, em 2005, é correspondente à erupção do escândalo do mensalão. O segundo equivale à corrida presidencial na qual Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito. 

Por enquanto, aponta o BofA, a volatilidade doméstica está bem abaixo do período de eleições em 2006. “Todo mundo espera que a transição presidencial seja tranquila, mas é inconcebível que seja mais calma do que quando não houve transição”, ressalta o relatório do banco. Por isso, a instituição acredita que os investidores não estão sendo devidamente recompensados por sua exposição ao risco.

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Quais são os riscos?
Além disso, por mais que o risco de descontinuidade das políticas adotadas pelo atual governo seja pequeno, o banco não descarta algumas possíveis mudanças no horizonte. Caso José Serra, governador de São Paulo, seja eleito, por exemplo, fica em xeque a independência do Banco Central. Isso porque, apesar de reafirmar seu comprometimento com a estabilidade dos preços, Serra é um crítico contumaz dos juros altos e do câmbio forte.

Por outro lado, o banco aponta suas credenciais fortes na área de política fiscal, levando em conta seu comportamento com as contas públicas durante seu período de governo em São Paulo.

Dilma Rousseff
Já a candidata do governo não representa riscos à continuidade da política monetária, aponta o relatório, porque mesmo que Henrique Meirelles não esteja em sua chapa, terá papel importante na transição dentro do BC e na configuração de seu plano de governo.

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Em compensação, o problema da ministra-chefe da Casa Civil é de ordem fiscal. O próximo presidente deve encontrar o País em uma posição bem mais alavancada, com a relação entre dívida bruta e PIB (Produto Interno Bruto) em 65%.

Outro ponto que poderia levar a preocupações renovadas quanto à posição fiscal do governo e o nível de intervencionismo estatal na economia é a sinalização, emitida recentemente, de que o governo “poderia ressuscitar algumas companhias públicas defuntas e aumentar o tamanho de seu fundo soberano com a emissão de títulos da dívida nacional”, alerta.  

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