Para BMO, dependência européia de petróleo russo pode gerar nova Guerra Fria

Equipe do banco aponta que agressividade russa no conflito com a Geórgia sugere busca por maior espaço na ordem global

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SÃO PAULO – Com implicações graves sobre o quadro internacional político e econômico, a postura agressiva em relação a potências como EUA e os países da Europa, recentemente adotada pela Rússia, foi alvo de estudo realizado pela equipe do BMO.

Destacando o forte crescimento de renda e consumo privados na mais importante das antigas repúblicas socialistas soviéticas, bem como o crescimento médio de 7% do produto desde 2000, os analistas do banco interpretam a atitude incisiva do país no conflito da Geórgia como uma a busca por um lugar de maior destaque no atual concerto internacional.

“Aparentemente, o Primeiro Ministro Putin e o Presidente Medvedev clamam pelo lugar da Rússia no desenvolvimento da multipolaridade da economia global e do poder geopolítico”, ressalta Sherry Cooper, economista-chefe do BMO.

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Guerra Fria

Sem perder a memória do conflito indireto e não-declarado entre as duas maiores potências mundiais durante o século XX – EUA e URSS – o estudo ressalta declarações do ministro de relações exteriores russo, sobre o fato de o país nada temer, nem mesmo a perspectiva de uma nova Guerra Fria.

Na base do crescimento russo, o excelente desempenho de commodities energéticas, como petróleo, carvão e gás natural, que tem proporcionado sucessivos superávits em conta corrente e a criação de um poderoso fundo soberano, capaz de impactar os mercados financeiros globais – como exemplifica a posse de US$ 60 bilhões em papéis das agências de crédito Fannie Mae e Freddie Mac.

Ponto central

A crescente dependência da União Européia em relação aos produtos básicos exportados pela Rússia somente acrescenta matizes dramáticos à questão, uma vez que mais de 50% de seu gás natural e aproximadamente 30% do petróleo consumidos provêm do Estado presidido por Medvedev.

“Se a Rússia fechar as torneiras de gás natural no inverno, os europeus congelarão e os negócios serão fechados. Essa é a real ameaça de uma nova ‘guerra fria’ e os EUA pouco podem fazer a respeito”, conclui o relatório.

Inflexão

A falta de apoio militar por parte dos Estados Unidos durante o conflito russo-georgiano ajuda a disseminar incertezas entre outros países da região, travando novos projetos de infra-estrutura e produção de petróleo e gás natural, afirma o BMO.

O documento também destaca a questão como um teste durante a eleição presidencial atualmente em voga nos Estados Unidos, o que pode ter influenciado a indicação de Joseph Biden, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado norte-americano, como candidato a vice-presidente de Barack Obama.

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