Para 39%, manifestações de 2013 mudaram forma de escolher políticos, diz pesquisa Ipec

Segundo levantamento, deste grupo, 20% dizem sentir orgulho de terem endossado os atos 10 anos atrás

Luís Filipe Pereira

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

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Dez anos depois das manifestações ocorridas em junho de 2013, quando uma multidão foi às ruas para protestar contra a alta da tarifa do transporte público em uma onda que se expandiu para outras reivindicações, 39% dos brasileiros dizem que os episódios mudaram a forma de escolher seus representantes na política. Os números são de pesquisa realizada pelo Ipec, encomendado pelo jornal O Globo, divulgada nesta segunda-feira (12).

Segundo o instituto, uma fatia de 35% dos entrevistados afirmou que os episódios não influenciaram em nada seu voto. Sobre o apoio em geral às manifestações, 41% dos respondentes informaram que não apoiaram os protestos e não se arrependem. Por outro lado, 20% disseram que sentem orgulho de ter endossado os atos.

Apesar da reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no ano seguinte, a negação à política convencional somada ao discurso anticorrupção que se alastrou à medida em que os movimentos ganhavam as ruas de mais municípios serviu como impulso para o campo da direita nas urnas, catapultando candidatos que se identificavam com essas ideias na aproximação com os eleitores. Em 2014, o então deputado federal Jair Bolsonaro se reelegeu obtendo 400 mil votos, número quatro vezes superior à faixa de votos que vinha recebendo nos pleitos anteriores.

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De acordo com o levantamento, entre os que mudaram a forma de pensar sobre a política após os eventos de 2013, a proporção de homens (44%) é maior em comparação com as mulheres (35%).

Naquele ano, embora tenha havido um ponto de virada na popularidade dos protestos, que passaram a contar com maior adesão ao longo do mês, a natureza difusa das pautas – que começaram com questões de transporte coletivo e passaram à negação do sistema político em algumas cidades – foi criticada por analistas na época.

A pesquisa também traz um recorte regional. No Sul do País, 23% dos entrevistados afirmam que apoiaram as manifestações. Por outro lado, no Nordeste, 57% dizem que foram contrários aos protestos. No Sudeste, onde ficam os centro urbanos onde foram registrados grande parte das manifestações naquela época, 40% informaram que não se lembram ou preferiram não responder à pesquisa do Ipec.

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A pesquisa contou com 2 mil entrevistas presenciais, realizadas entre os dias 1º a 5 de junho, em 127 municípios brasileiros. A margem máxima de erro estimada é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um intervalo de confiança de 95%. Isso significa que se o mesmo levantamento fosse refeito sob condições metodológicas idênticas e no mesmo período, esta teria sido a probabilidade de o resultado se repetir dentro da margem de erro.