Pão e circo? Para WSJ, brasileiros encontram na Copa “refúgio” para problemas econômicos

Para jornal norte-americano, euforia com a Copa mascara problemas econômicos nacionais, em um cenário em que os brasileiros talvez precisem de todas as distrações possíveis para "esquecer" desafios

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A vitória folgada do Brasil sobre a seleção de Camarões na segunda-feira deve prolongar o clima de festa que tem persistido desde que a Copa do Mundo começou. Esta é a visão do Wall Street Journal , que inicia a sua matéria chamada “Euforia com a Copa mascara os problemas econômicos do Brasil”, relacionando o evento esportivo à economia brasileira, afirmando que os brasileiros talvez precisem de todas as distrações possíveis para “esquecer” dos problemas atuais. 

Isso porque, horas antes da goleada, os economistas reduziram as suas previsões para o crescimento nacional, como apontou a última pesquisa Focus, enquanto a inflação permanece “dolorosamente alta” até 2015. 

Esta combinação de baixo crescimento e inflação pressionada é um pesadelo para os responsáveis políticos”, destacaram os economistas do Santander nesta semana, em relatório. Já Alberto Ramos, ressalta o WSJ, afirmou que a economia do Brasil está gravitando em um cenário de estagflação. 

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O WSJ reforça a goleada de 4 a 1 sobre Camarões e a passagem da seleção canarinho para as oitavas. Mas, na casa de apostas, aponta-se que a chance do anfitrião ganhar é apenas uma em três. “Nós realmente não temos visto tantas apostas para o Brasil nesta fase do torneio, como poderíamos esperar”, afirmou um apostador ao jornal norte-americano.

Apesar dos apostadores apontarem para chances menores, o torneio tem se provado um refúgio feliz para os brasileiros que, apenas algumas semanas atrás, estavam tão descontentes com a direção de seu país que disseram que era uma má idéia sediar a competição. “Como já aconteceu inúmeras vezes em dezenas de países, o apoio comum a um time de futebol tem chamado a atenção de uma nação ao invés de um ambiente político tóxico e uma economia danificada”. 

Por outro lado, o WSJ ressalta que uma possível eliminação da seleção brasileira na primeira Copa sediada no País após 64 anos, evidenciaria uma dura realidade. “Se o Brasil ganhar, muito do que foi dito sobre gastos excessivos em estádios e outras coisas, será esquecido”, diz Erialdo Rosario, 52 anos, proprietário de uma pequena empresa. “Se perder, é outra história.”

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Especialistas dizem que a austeridade fiscal é melhor opção do Brasil para trazer a inflação para baixo. Mas essa medida também poderia diminuir ainda mais o crescimento, o que é ainda mais complicado em um ano eleitoral. Enquanto isso, Dilma Rousseff anunciou um aumento de 10% no valor do Bolsa Família, enquanto o ministro da fazenda, Guido Mantega, anunciou medidas para incentivar a entrada de empresas de pequeno e médio portes no mercado de capitais.

Entrevistado pelo WSJ, o sócio do hedge fund STK Capital Pedro Barbosa disse que as medidas são semelhantes a dirigir um carro em uma colina e, em seguida, mudar para a quarta marcha. “O modelo econômico do governo seguiu claramente o seu curso e deixou uma péssima combinação de inflação alta, baixo crescimento e altos gastos”, disse Barbosa. “O jogo de hoje (ontem), em Brasília, foi lindo, um grande show. Mas era quase como um sonho.”

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.