“País do futuro”: Brasil tem tanto potencial quanto problemas, diz CFA Magazine

Matéria da revista ainda alerta: estariam os investidores cegos pelo otimismo, desprezando os riscos?

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SÃO PAULO – “O país do futuro”. Este é o título da edição de setembro/outubro da CFA Magazine, que aborda as qualidades e problemas do Brasil neste novo começo de século. Entre tantos aspectos analisados, a conclusão implícita é de que o País possui tanto potencial quanto riscos inerentes.

Maior produtor mundial de etanol, energia, minério de ferro, carne, açúcar, café e jatos regionais, elencar fatos impressionantes sobre o Brasil não é tarefa difícil. A CFA destaca, entre outros aspectos, o rápido crescimento da classe média, a estabilidade da democracia brasileira, a conquista do status de grau de investimento em 2008, as descobertas de petróleo no pré-sal e a maturidade do mercado de ações.

Pegando carona nas oportunidades
Para os que querem pegar carona no crescimento brasileiro, muitas são as oportunidades ressaltadas pela publicação. O setor de infraestrutura, sem dúvidas, é um deles. “A demanda por eletricidade cresce mais rápido que o PIB, assim como o tráfego de veículos. Os portos existentes estão superlotados, sem falar dos aeroportos”, diz uma das passagens.

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Entretanto, uma ressalva é feita: não é claro até que ponto investidores podem se beneficiar diretamente das oportunidades derivadas dos projetos relacionados à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016. Segundo a CFA Magazine, Luis D’Amato, analista do Credit Suisse, diz que não são muitas as companhias listadas na bolsa que possuem participação em tais projetos, cujos benefícios devem mesmo ficar mais contidos ao mundo do private equity.

De qualquer forma, outros setores que se mostram bastante atraentes no País são o imobiliário, especialmente o voltado à população de menor renda, beneficiado pelo crescimento da classe média; o de educação, que cresce rapidamente; e o de serviços financeiros, especialmente pequenos bancos e empresas relacionadas ao setor de cartões.

Riscos I: commodities e gargalos de infraestrutura
No entanto, a publicação destaca especialmente os riscos e problemas que o Brasil enfrenta atualmente, muitas vezes precipitadamente descartados por investidores cegos pelo otimismo acerca do País. “Investir no Brasil, assim como em qualquer outro país, incorre uma série de riscos políticos, sociais, econômicos, entre outros”, diz um dos trechos.

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Um aspecto que poderia ameaçar a estabilidade econômica brasileira vem do outro lado do mundo. “Uma desaceleração chinesa, maior parceiro comercial do Brasil, reduziria as exportações e afetaria os preços de commodities”, diz a publicação. De fato, a CMA Magazine vê como perigoso o perfil dependente às commodities da economia brasileira. “Por exemplo, a indústria de etanol sofreu este ano com o declínio dos preços dos combustíveis”, afirma.

Ainda assim, a publicação reconhece que a situação brasileira é consideravelmente melhor que a da Rússia, por exemplo, onde a exploração de gás e petróleo responde por metade de todo o PIB (Produto Interno Bruto), e que a do Chile, cuja economia por sua vez é praticamente controlada pelo cobre.

No que diz respeito aos gargalos de infraestrutura no Brasil, os crescentes gastos do governo, como os mais de US$ 500 bilhões previstos no PAC 2 (segunda fase do Programa de Aceleração ao Crescimento), são vistos como um progresso frente ao histórico do País de subinvestimentos. Ainda assim, é pouco. “A parcela do PIB brasileiro investido ainda está muito abaixo do que o Banco Mundial recomenda para países emergentes”, diz a revista.

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Outro aspecto criticado pela publicação refere-se aos atrasos no cronograma de obras e reformas relacionadas à Copa de 2014, “que podem fazer com que os investidores pensem melhor antes de investir no Brasil, face às crescentes dúvidas que pairam sobre a capacidade do País de honrar suas promessas”.

Riscos II: a ineficaz máquina estatal
As maiores críticas da revista, no entanto, recaem sobre a ineficácia da máquina estatal brasileira, que acaba por se refletir de diversas formas. Uma delas é a constante interferência na gestão de companhias como Petrobras e Eletrobras; outra é o confuso ambiente regulatório no País. “Uma pessoa interessada em abrir um negócio no Brasil leva o triplo do tempo da média internacional de 35 dias”, destaca a revista.

O aspecto tributário também recebe suas críticas. “Brasileiros brincam dizendo que trabalham todo o primeiro trimestre do ano apenas para pagar seus impostos”, observa a CFA, que também vê negativamente problemas como a corrupção e o atraso das leis trabalhistas.

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Conquistas
Em contrapartida, progressos vêm sendo conquistados no front político. Hoje, pode-se dizer que o Brasil desfruta de um sistema democrático estável, com eleições regulares e limpas. “Até mesmo o Judiciário, conhecido por sua morosidade, tem se mostrado um pouco mais ágil e eficiente”, diz a CFA.

Por fim, a publicação também aborda as eleições presidenciais. “A visão majoritária é de que, vença Dilma Rousseff ou José Serra, pouca diferença na condução do País será notada”, diz uns dos trechos.

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