“Ou o PT muda ou acaba”, diz Marta Suplicy em entrevista – e suscita reação de políticos

Ao Estadão, Marta também criticou o atual ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o presidente do PT, Rui Falcão

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Neste final de semana, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) ganhou destaque no noticiário por criticar a presidente Dilma Rousseff e as lideranças do seu próprio partido em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Marta ainda se disse decepcionada com a forma como o PT a tratou e com a corrupção no partido. “Ou o PT muda ou acaba”, destacou, indicando que pode mudar de partido.

Marta também criticou o atual ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o presidente do PT, Rui Falcão. O Mercadante é inimigo, o Rui traiu o partido e o projeto do PT, e o partido se acovardou ao recusar um debate sobre quem era melhor para o País, mesmo sabendo as limitações da Dilma. Já no primeiro dia, vimos um ministério cujo critério foi a exclusão de todos que eram próximos do Lula. O Gilberto Carvalho é o mais óbvio”, afirmou.

E ela ainda destacou que Mercadante mente quando diz que Lula será o candidato. Ele é candidatíssimo e está operando nessa direção desde a campanha, quando houve um complô dele com Rui e João Santana para barrar Lula”. Ela ainda prevê que o chefe da Casa Civil dificilmente vencerá. “Ele vai ter contra si sua arrogância, seu autoritarismo, sua capacidade de promover trapalhadas. Mas ele já era o homem forte do governo. Logo, todas as trapalhadas que ocorreram antes ocorrem agora e ocorrerão depois terão a digital dele.”

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Volta Lula?
A ex-prefeita de São Paulo também afirmou que articulou o movimento “Volta Lula” e que o ex-presidente também estaria incomodado com a presidente. Ela disse que recorreu a Lula para que ele tomasse providências em meio ao cenário econômico e Lula foi claro na resposta: “Não adianta, Dilma não me ouve”.

E ele teria manifestado incômodo com Dilma. ” A verdade é que ele nunca disse, mas sempre quis ser candidato e achou que ia ser”. Marta afirmou que, em 2013, Lula pediu a ela que organizasse um jantar com empresários para tentar ajudar a encontrar soluções para a política econômica, o que foi feito, no início de 2014, “com os 30 PIBs paulistas”.

“[No jantar] foi do Lázaro Brandão a quem você quiser imaginar. Eles fizeram muitas críticas à política econômica e ao jeito da presidente. E ele [Lula] não se fez de rogado, entrou nas críticas, disse que era isso mesmo.” “Convidei políticos, artistas para um grande encontro político. Convidei a Dilma, o Mercadante e todos os ministros de São Paulo, avisando que o Lula estaria presente. Todos confirmaram, mas, na véspera, todos cancelaram. E ela, Dilma, também não foi.”

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“E depois que Dilma se apresentou como a candidata, ele, Lula, já não falava mais com ela. Em uma ocasião, mesmo após pedir a Marta que desistisse do ‘Volta, Lula’, sugeriu, como se numa derradeira esperança, que ela conversasse com o presidente do PT, Rui Falcão, sobre o assunto: “Pode falar com o Rui”, disse. Dois dias depois, Marta conta que foi surpreendida com a resposta de Rui, que mostrou convicção na vitória com Dilma e que Marta estava falando sobre coisas que não entendia. Depois, Lula disse: “Marta, acabou. Vamos trabalhar para a Dilma e pronto. Você vai enfiar a camisa e trabalhar de novo”.

Reações da oposição e do PT
A entrevista de Marta Suplicy suscitou diversas reaçoes tanto da oposição quanto do PT. Na avaliação do deputado e senador eleito Ronaldo Caiado (DEM-GO), “se ela [a entrevista] fosse dada antes das eleições, teria dado uma grande contribuição para o País. Teria força para mudar rumo das eleições”, avaliou.

“Nós políticos sabíamos desse grau de desgaste dentro do PT e da cizânia interna, mas, quando falávamos isso, diziam que nós éramos da oposição”, afirmou. “A crítica que faço é a de que, se existe da senadora uma preocupação com o País, isso tudo seria trazido à tona antes das eleições”, disse à Agência Estado.

Já para o vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, “é uma entrevista muito ruim para o partido. Essas vaidades, colocando os interesses pessoais acima do partido, prejudicam muito. A militância vê isso com muito maus olhos”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.