Os ventos para a eleição de 2018 são liberais, avalia gestora Rio Bravo

A disputa pela agenda liberal parece um enredo muito importante nessa pré-campanha, e da qual podem surgir muitas ideias boas, avalia a gestora

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em relatório para comentar o desempenho dos fundos no mês de outubro, a Rio Bravo Investimentos, gestora fundada pelo ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, comenta os últimos eventos do mês anterior.

O destaque do mês, como não poderia deixar de ser, ficou para a votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, mostrando uma vitória do governo por um placar mais magro do que da votação da primeira denúncia: foram 251 a favor e 233 contra (com 25 ausências e 2 abstenções), ante 263 a 227 da votação de agosto.

A gestora aponta que o governo poderia ter perdido a votação, e ainda assim a denúncia não prosseguiria, desde que a oposição ficasse abaixo de 342 votos. Contudo, “seria uma vergonha. Ou melhor, vergonha ainda maior, pois foi gigantesco o esforço político e orçamentário empreendido para se conseguir esta vitória não tão distante do terreno da ‘vitória de Pirro’”, avalia a Rio Bravo, destacando que a denúncia foi barrada a um alto preço. 

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De qualquer forma, o resultado final não foi surpreendente e há uma principal interpretação por trás disso: a de que 2018 começou. “Apenas o placar era importante para se aferir o alinhamento de forças para o pleito que se aproxima”, apontam os gestores que afirmam, contudo, ser preciso lembrar que as “leis da política” permitem alguns paradoxos. E o principal deles é que “2017 não terminou”.

Neste sentido, a Rio Bravo traça a hipótese de que, para Temer, o restante do mandato pode ou não se desenrolar como o quinto ano de mandato do ex-presidente José Sarney, que governou de 1985 a 1990, com “uma interminável ladeira abaixo apenas azedando a escolha eleitoral feita, afinal, em segundo turno, no primeiro mês em que a inflação brasileira atingiu 50% ao mês”, em referência às eleições de 1989 em que Fernando Collor se consagrou vencedor.

E há grandes semelhanças entre o pleito de 1989 e o do ano que vem, aponta a Rio Bravo. Segundo os gestores, a eleição de 2018 parece aberta como a de 1989, com visíveis desejos de mudança e de desafio ao establishment partidário, mas com uma diferença básica: a economia está recuperando e a inflação está perfeitamente controlada. 

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“Não é claro que o governo vá conseguir retirar dividendos políticos desse quadro econômico em evolução favorável, mas também não se concebe que os níveis de aprovação do governo possam piorar”, apontam. 

Porém, eles avaliam que a parte boa do fato dos olhares se fixarem em 2018 é que “está aberta à feira” para as ideias inovadoras para criar e multiplicar a prosperidade do país.

“As pessoas querem uma mudança de paradigma, querem novidades”, avaliam os gestores, ao apontarem que as ideias petistas estão seriamente danificadas pelo fracasso retumbante da Nova Matriz e pelos escândalos do petrolão, enquanto “as ideias tucanas parecem mais hesitantes do que o habitual”.

“Os ventos são liberais, ou pró-mercado, e vários candidatos, tendências e movimentos procuram se estabelecer nesse campo, com variável grau de sinceridade. Inclusive o próprio governo federal, para o qual, por certo, a taxa de convicção liberal é muito pequena, como também a razão entre o rumor e a execução em temas, por exemplo, como as privatizações. A disputa pela agenda liberal parece um enredo muito importante nessa pré-campanha, e da qual podem surgir muitas ideias boas. O fato é que 2018 está oficialmente em andamento”, conclui a Rio Bravo. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.