Os ministros que não têm a menor experiência em suas pastas – e são alvo de contestação

Enquanto Cid Gomes causou polêmica por já ter dado declarações polêmicas atacando os professores, o ministro do esporte George Hilton chegou a dizer que não conhecia "profundamente" o assunto

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na volta do feriado prolongado de Ano Novo, as atenções agora se voltam para as escolhas da presidente Dilma Rousseff dos nomes para compor os ministérios.

E, em meio a insatisfações de certos segmentos do PT sobre quem vai comandar ministérios importantes, como é o caso de Joaquim Levy na Fazenda (visto como ortodoxo), há também aqueles que são vistos com insatisfação por não serem os mais capacitados para o cargo.

Isso porque muitas das indicações seriam com viés político, para garantir a governabilidade, ainda mais em um cenário que se desenha como bastante complicado para a presidente, principalmente frente a sua relação com os partidos aliados. 

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Entre os que geraram revolta por sua indicação, esteve o deputado federal George Hilton, que assumiu o ministério do Esporte na última sexta-feira (2) em meio a protestos de importantes nomes do esporte nacional. Logo após a sua nomeação, um grupo de esportistas – liderado pelo ex-jogador de futebol Raí – criticou a escolha de Dilma para o ministério, por não ter qualquer experiência em gestão esportiva. 

Além disso, logo que o seu nome saiu, ganharam as manchetes as notícias de que ele foi flagrado em 2005, no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, carregando 11 malas contendo dinheiro – que foi identificado como “doação de fiéis do sul de Minas e do Triângulo Mineiro”. Hilton é descrito em seu perfil no site da Câmara como “radialista, apresentador de televisão, teólogo e animador”. Ele é Pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. 

E, no dia de sua posse, ele admitiu não conhecer “profundamente” sobre o tema esporte. “Gostaria de tranquilizá-los para dizer: posso não entender profundamente de esportes, mas entendo de gente. Eu sei ouvir as pessoas, sei dialogar”, afirmou, em uma solenidade sem muitos atletas e representantes do primeiro escalão do governo.

Também contestado, está Helder Barbalho, filho do senador paraense Jader Barbalho, que passa a comandar o ministério da Pesca. Em seu discurso de posse, ele não falou sobre a sua experiência no setor e apenas informou que o seu estado é um grande produtor de peixes e que o que importa é “ter capacidade de gestão”. A indicação de Barbalho foi vista como um ato para agradar o PMDB, após ter perdido a disputa pelo governo do Pará para Simão Jatene (PSDB). 

Maior polêmica: as declarações passadas do ministro da Educação
Um dos nomes mais emblemáticos foi o de Cid Gomes, ex-governador do Ceará e que foi nomeado ministro da Educação, gerando revolta entre a classe dos professores. Isso porque uma fala dele de agosto de 2011, em meio a uma greve dos professores da rede estadual cearense, voltou à tona por mostrar que ele não seria o mais gabaritado para o assunto. 

Em agosto daquele ano, Cid afirmou: “quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado”. Já em 2015, após a sua cerimônia de posse, ele afirmou que a sua declaração fora distorcida. 

“Me mostre onde foi que eu falei isso, um registro de que eu falei isso. Eu não disse isso. O que eu disse é que qualquer servidor público, seja ele vereador, governador, médico, deputado, professor, antes de qualquer coisa precisa ter vocação. É um espaço que você tem por natureza a posição de sacrifício pessoal. Claro que você tem que ter boa remuneração. Eu nunca disse que não. Seria um contrassenso porque sou filho de professores. Até por experiência pessoal, sei da importância de se ter boa remuneração”, respondeu.

Porém, conforme mostra matéria do jornal O Estado de S. Paulo, seu nome não foi prestigiado até pelas lideranças de seu partido, o PROS. Eurípedes Júnior, presidente do partido, mostrou insatisfação por não ter sido consultado sobre o nome de Cid Gomes para a Educação.

Entre outros nomes contestados, estão o do novo ministro dos Portos, Edinho Araújo (PMDB-SP), que foi conduzido ao cargo com indicações do vice-presidente Michel Temer e destacou que há sim, ceticismo em relação ao seu nome. A sua aposta é aumentar a confiança através da nomeação de um corpo técnico competente. 

E o ex-ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, chegou a admitir que, quando aceitou o cargo há quatro anos, considerava o convite um “verdadeiro abacaxi” e que o hoje titular da pasta Carlos Gabas, tinha a função de “vigiá-lo” no cargo. “E terminei aprendendo alguma coisa”, finalizou Alves. 

(Com Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.