Os “investimentos” mais bem-sucedidos da Odebrecht segundo seus delatores

Somente os pagamentos a políticos investigados nos 76 inquéritos da lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, podem chegar a R$ 451,049 milhões

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A revelação das delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht pela Operação Lava Jato expõe a dimensão e o nível de sofisticação alcançados para se corromper o sistema político em prol de interesses particularistas em troca de vantagens indevidas aos mais diversos grupos de poder. A presença de caciques de diferentes siglas nos holofotes das investigações revela uma situação sistêmica e supra-partidária, que envolve cifras inimagináveis.

Somente os pagamentos a políticos investigados nos 76 inquéritos da lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, podem chegar a R$ 451,049 milhões. Desse montante, R$ 224,6 milhões teriam sido repassados por obras e contratos com os governos federal, estaduais e municipais, e R$ 170 milhões teriam sido investidos em troca de favorecimento à empreiteira em medidas provisórias, emendas parlamentares e resoluções legislativas.

Conforme conta o jornal O Estado de S. Paulo, o inquérito que envolve as maiores cifras de propinas é o da compra das medidas provisórias 470/2009 e 613/2013 — a primeira alterava a cobrança do IPI e a segunda concedia incentivos tributários a empresas químicas. Segundo a reportagem, a primeira teria motivado o pagamento de R$ 50 milhões para a campanha presidencial de Dilma Rousseff, e a segunda, R$ 100 milhões.

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De acordo com o empresário Marcelo Odebrecht, ex-presidente da construtora, muitas vezes o governo deixava “pontas soltas” na edição de MPs, o que obrigava os operadores políticos da Odebrecht a ajustarem o texto com o relator no Congresso, o que elevava as despesas com propinas.

Conta a reportagem ainda que o segundo maior desembolso relatado envolveu a usina Santo Antônio, em Rondônia. Nela, teriam sido repassados R$ 50 milhões para parlamentares do PT, PMDB e PP. O terceiro maior caso investigado seria o de pagamentos relacionados a obras viárias do governo de São Paulo, com repasses que somam R$ 36,2 milhões.

Conforme mostra compilação feita pelo portal G1, também figuram entre os “investimentos” que renderam benefícios à Odebrecht as obras da Olimpíada (com repasses de R$ 15 milhões), Cidade Administrativa de Minas Gerais, Hidrelétrica de Jirau (R$ 5 milhões), aquisição de torre comercial e shopping-center no Parque da Cidade, canal do sertão alagoano, pagamento de dívidas de Estados à Odebrecht, usina hidrelétrica de Santo Antônio (RO), Ferrovia Norte-Sul, Ponte do Rio Negro, obras de saneamento no Rio Grande do Norte, Pará e em Blumenal, dentre uma série de outras.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.