Os eventos que agitaram o mês de abril – e no que você deve ficar de olho em maio

Reforma trabalhista e da Previdência e tensão geopolítica  internacional são alguns dos eventos a serem monitorados com atenção pelo mercado - nesta semana, destaque para o Fomc, payroll e eleições na França

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Tensão crescente entre Coreia do Norte e Estados Unidos, clima ruim entre Rússia e os americanos, anúncio um tanto decepcionante do presidente Donald Trump sobre a reforma tributária, mas alívio no mercado com a França após os temores de que as eleições representassem mais um baque para a União Europeia. Na agenda nacional, a explosão das delações “do fim do mundo” da Odebrecht antes do feriado de Páscoa, os temores (mas também os avanços) sobre o que se passará das reformas e os protestos contra elas marcando o fim do mês agitaram o mês de abril.

Entre tantos altos e baixos, o Ibovespa fechou o mês praticamente estável, com leve alta de 0,64%, a 65.403 pontos, ajudado pelo desempenho do índice no último pregão de abril, quando fechou com ganho de 1,12%. Entre os destaques de alta do mês estiveram os papéis da Marfrig (MRFG3, R$ 7,22, +26,44%), Pão de Açúcar (PCAR4, R$ 71,75, +19,38%) e RD (RADL3, R$ 67,45, +14,97%), enquanto as maiores baixas ficaram para CSN (CSNA3, R$ 7,75,  -14,93%), Cemig (CMIG4, R$ 8,88, -13,95%) e Embraer (EMBR3, R$ 15,36, -11,09%). Já o dólar terminou o mês de abril com valorização de 1,40%, segundo mês consecutivo de alta e o maior ganho mensal desde novembro passado (+6,18%).

Já o mês de maio começa com o feriado na segunda-feira de 1 de maio, com o mercado brasileiro voltando a negociar na terça-feira já de olho no que ocorreu no cenário internacional na véspera, uma vez que as principais praças financeiras mundiais operam normalmente. 

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No Brasil, a agenda de indicadores é mais fraca na primeira semana do mês. O principal dado deve ser a produção industrial de março, a ser divulgada pelo IBGE na próxima quarta-feira às 9h, com estimativa de estabilidade no comparativo mensal e alta de 2,2% na base de comparação anual.

Antes disso, serão divulgados dados da balança comercial de abril na terça-feira às 15h, com perspectiva de um superávit de US$ 6,9 bilhões, de acordo com projeções do Bank of America Merrill Lynch. Já às 7h de terça, será revelado o IPC-S pela FGV. 

Por outro lado, o noticiário político deve continuar agitado e os investidores devem repercutir os efeitos dos protestos realizados na sexta-feira sobre a agenda de reformas que está no Congresso. Após as mudanças na lei trabalhista passarem na Câmara dos Deputados na última quinta-feira por 296 votos a favor e 177 contra, os próximos passos das reformas devem ser a trabalhista ser avaliada pelo Senado e a  Previdência ser votada pela comissão
especial da Câmara na próxima quarta-feira (3).

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Aliás, na última quinta-feira, o primeiro vice-líder do governo na Câmara, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) previu durante a semana que a reforma da Previdência só começará a ser votada no plenário da Casa no fim de maio deste ano. Ele reconheceu que o governo ainda não tem os 308 votos mínimos necessários para aprovar a proposta e que, por isso, precisa de tempo para convencer a base aliada a votar a favor do parecer do deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) sobre a matéria. Assim o mercado ficará de olho ao longo do mês se a votação sofrerá adiamentos ou se a reforma terá mais diluições. 

Entre outros eventos a serem monitorados em maio, está a perspectiva de retomada do julgamento da ação contra a chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Segundo o presidente do Tribunal, ministro Gilmar Mendes, é razoável que a discussão sobre o caso volte ao plenário na segunda quinzena do mês. Atenção ainda para o depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro no dia 10 de maio, no âmbito da Operação Lava Jato.

Já na agenda econômica, os olhos do mercado estarão voltados para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que ocorrerá no dia 31. Os últimos números baixos de inflação tiveram pouca influência no mercado de juros futuros, que segue precificando em
torno de 108 pontos de corte da Selic em maio, sugerindo expectativa majoritária de redução de 1 ponto percentual, mas sem descartar queda de 1,25 ponto percentual. 

No noticiário corporativo, atenção para a intensificação da temporada de resultados do primeiro trimestre em maio. Na próxima semana, empresas como a Embraer (dia 2), Itaú Unibanco, Suzano, Cielo, Ambev, Gerdau, Magazine Luiza (dia 4), divulgarão seus números. Atenção ainda para os dados da Petrobras, que serão divulgados dia 11 após o fechamento do mercado. 

Exterior: eleições na França e Fomc nos EUA agitarão mercado

Na agenda internacional, destaque para reunião de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira às 15h. “Vindo de uma alta de 0,25 ponto percentual na última reunião, o Fed deve reforçar a perspectiva de gradualidade de ajuste no processo de elevação de juros, com chances de dar mais visibilidade aos planos de enxugamento do balanço de pagamentos da instituição (atualmente ao redor de US$ 4,5 trilhões). Ainda, os dados do mercado de trabalho norte-americano devem reforçar a retórica de manutenção do ritmo de recuperação do Fed, a serem divulgados na sexta-feira às 9h30”, destaca a Rosenberg Consultores Associados. As estimativas compiladas pela Bloomberg para o payroll de abril é de criação de 193 mil vagas de emprego. 

  • O risco geopolítico também será monitorado de perto em meio à tensão entre os EUA e a Coreia do Norte. Em entrevista a Reuters, o presidente dos EUA Donald Trump indicou 
    que um grande conflito com a Coreia do Norte é possível se as soluções diplomáticas falharem.
  • Já a França, que animou os mercados na última semana com o primeiro turno das eleições presidenciais, realiza o 2º turno do pleito no domingo, dia 7, entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen. A proximidade do segundo turno deve aumentar a atenção dos mercados em relação às pesquisas nos próximos dias; por enquanto, os últimos levantamentos vem mostrando Macron com um patamar de cerca de 60% dos votos, enquanto Le Pen tem cerca de 40%. 
  • Voltando aos indicadores da Ásia, o mercado ficará de olho na saúde da economia chinesa
    entre este sábado e segunda-feira com a divulgação dos PMIs de manufaturas no país. PMI de serviços sai no dia 3.
  • Entre outros destaques da semana no exterior, está a ata do Bank of Japan e a fala do presidente da autoridade monetária Haruhiko Kuroda na próxima segunda (1), feriado no Brasil, e a fala do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, na próxima quinta-feira (4). Além disso, atenção para o PIB da zona do euro, a ser conhecido na quarta-feira, deve mostrar que a economia vem ganhando tração no início deste ano, segundo o Bradesco BBI. “Esperamos crescimento no primeiro trimestre de 0,6%, mostrando alguma aceleração em relação aos três últimos meses de 2016, quando a economia cresceu 0,4%. No mesmo dia, os dados do mercado de trabalho alemão devem indicar que a aceleração do crescimento na Europa se manteve em abril”, apontam os economistas do banco. 
  • Para conferir a agenda completa, clique aqui. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.