Os erros e acertos do Novo em sua primeira eleição nacional, segundo João Amoêdo

Em sua estreia nas urnas, partido elege 20 deputados e governador de Minas Gerais e conquista 2.679.745 votos na corrida presidencial

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em sua primeira participação em eleições gerais, o Partido Novo conseguiu eleger 20 deputados, sendo oito federais, 11 estaduais e um distrital, além de Romeu Zema como governador de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral e estado com o maior número de municípios no país. Na corrida presidencial, João Amoêdo conquistou 2.679.745 votos, o equivalente a 2,50% dos votos válidos, sendo o quinto candidato mais votado. Nada mal para uma estreia.

“Ficamos muito satisfeitos. O resultado foi muito bom, em todos os sentidos. Conseguimos atuar trazendo pessoas que passaram por processo seletivo, o Novo foi o único partido que não utilizou nenhum centavo de dinheiro público na sua campanha, também não fizemos nenhum tipo de coligação, porque não identificamos nos outros partidos um alinhamento ideológico e de objetivos — então, nasce sem nenhum compromisso [político]“, afirmou Amoêdo em entrevista concedida à InfoMoneyTV na última quarta-feira (21). A íntegra do bate-papo está no vídeo do início desta matéria.

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“Foi importante mostrar para a população que tem coisa diferente, e a população respondeu dizendo que quer renovação, que quer gente nova que tenha coerência e esteja pensando em cortar privilégios”, complementou. Para o fundador do partido, passada a primeira eleição em nível nacional, começa o momento da responsabilidade, sobretudo no comando do governo de Minas Gerais, o primeiro desafio à frente do Poder Executivo. 

“É um estado hoje em situação precária em nível de endividamento, com salários em atraso, com déficit fiscal formal de R$ 11 bilhões, mas, considerando as contas em atraso, esse número pode chegar a R$ 17 bilhões. Então, tudo isso vai fazer com que agora a gente tenha colocar em prática muito do que temos falado no Novo, que é a busca da eficiência, devolver poder para o cidadão, um Estado mais enxuto, carga tributária mais simplificada, equilíbrio das contas públicas”, observou Amoêdo.

Outra preocupação destacada pelo executivo é na transparência e na comunicação com a sociedade. “Muitas coisas vão precisar ser feitas. Vai precisar ser feito um ajuste das contas. Esses ajustes normalmente não são fáceis, porque são fruto de gastos elevados no passado e agora a conta chegou. Então, vai ser muito importante, em todas as ações que formos fazer, dar muita transparência de por que está sendo feito, qual é o objetivo e o resultado”, disse. Para isso, o Novo pretende fazer amplo uso das redes sociais, como já ocorreu durante a campanha eleitoral.

Questionado sobre os erros e acertos do partido em sua estréia em uma disputa geral nas urnas, Amoêdo destacou a capacidade de o Novo participar do processo de forma coerente, sem ter feito coligação, usado recursos públicos e fazendo processo seletivo para os candidatos. Por outro lado, o executivo acredita que é possível melhorar na capacidade de trazer mais quadros qualificados para a política.

“Isso é determinante para ocuparmos os espaços. Gostaríamos de ter tido candidatos em pelo menos mais dois estados, mas não é fácil, porque as pessoas ainda têm alguma aversão à política. Temos que investir mais nisso, vendendo para as pessoas como é importante sua atuação na política de forma mais ativa”, afirmou Amoêdo.

Para as próximas eleições, em 2020, o Novo quer estar nos principais centros urbanos, mas cuidando do processo de crescimento, para que a identidade, os valores e princípios do partido sejam mantidos. “Esse mapeamento ainda vai ser feito, mas sempre com a preocupação de entender se o partido tem capacidade de atender essas demandas. Não adianta querermos fazer tudo, lançarmos [candidaturas] em uma quantidade enorme de cidades, e termos uma mancha na imagem da instituição. Temos um diferencial em relação a alguns partidos. Muitos deles pensam em ter poder, e o Novo não quer ter poder, quer mudar o Brasil. Então, o que fizermos tem que ser bem feito”.

No plano federal, o partido deverá adotar postura de independência em relação ao governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), com apoio às boas ideias e vigilância ao que está sendo feito. Nos primeiros passos da próxima gestão, Amoêdo vê com bons olhos alguns dos nomes escolhidos para a área econômica, mas chama atenção para os inúmeros desafios a serem enfrentados.

“O governo Bolsonaro começou bem na escolha dos nomes, agora o grande desafio vai ser, quando o governo de fato começar, enfrentar a série de privilégios existentes. Isso passa pela reforma da Previdência, alguns salários muito elevados no funcionalismo público, desonerações que não fazem muito sentido para alguns grupos empresariais. São privilégios que, no final, quem paga a conta é a grande maioria da população brasileira, especialmente os mais pobres”, concluiu.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.