Os entraves no caminho do trem-bala entre Rio e São Paulo

Diferentemente de há 10 anos, quando as tratativas se concentraram em construtoras nacionais, agora se negocia, também, com companhias da China e da Espanha

Estadão Conteúdo

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A TAV Brasil, empresa criada com o objetivo de construir o trem de alta velocidade entre São Paulo e o Rio de Janeiro, começou as primeiras conversas com empreiteiras na tentativa de viabilizar o projeto.

Diferentemente de há dez anos, quando as tratativas para a obra se concentraram em grandes construtoras nacionais, agora se negocia, também, com grandes companhias da China e da Espanha, já especializadas em erguer esse tipo de projeto. Ainda assim, especialistas veem muitos desafios para tornar o projeto viável.

O diretor-presidente da TAV Brasil, Bernardo Figueiredo, disse que uma das principais mudanças é que desta vez o empreendimento será 100% privado, sem nenhuma participação estatal. Na parte de infraestrutura, as estações foram retiradas dos centros das cidades. Em São Paulo, o trajeto sairia da região de Pirituba. E, do lado carioca, em Santa Cruz, podendo ser acessada, a partir dali, por meio de uma eventual parceria com a rede da Supervia. São 34 estações de Santa Cruz à região central do Rio.

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Na avaliação do sócio da consultoria Inter.B, Cláudio Frischtak, apesar das mudanças apresentadas, a viabilidade do projeto – que teve sua primeira versão em 2007, no segundo mandato do presidente Lula – ainda é uma dúvida. Em parte porque o País não tem experiência no assunto, mas também porque envolve questões complexas de engenharia e de operação. “É impossível fazer um trem-bala no Brasil? Não. Mas a pergunta é: a que custo?”, diz.

Ele diz, por exemplo, que o fato de o trem parar em regiões distantes dos centros do Rio e São Paulo é uma mudança questionável. “Não faz sentido. No mundo inteiro, os trens de alta velocidade têm como origem os centros das cidades. O TAV vai competir com a ponte aérea, não com ônibus.”

Traçado

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Por causa da velocidade, o traçado precisa ser reto ou com curvas menos acentuadas. Isso significa que, para transpor a Serra do Mar, seria necessária uma série de obras, como viadutos e túneis. Com as novas tecnologias, o problema até seria resolvido, mas o custo é alto.

Outro fator é a questão ambiental. No projeto anterior, o trajeto passava em áreas sensíveis. De São Paulo ao Rio, o trem passaria por cerca de 30 municípios, em áreas de proteção ambiental, condomínios de luxo e áreas de mananciais (no projeto anterior, passaria por Santa Isabel, a 57 km de São Paulo, onde 82% do território é área de manancial).

Isso exige um complexo e turbulento processo de negociação com prefeitos, fazendeiros e empresas para desapropriação de áreas. “O trem-bala já foi tentado há cerca de 12 anos. Na época, chegou-se à conclusão de que não era viável.”