Os desafios do próximo presidente do Brasil, na visão do vice-presidente da Moody’s

Com a missão de dar a nota aos países da América Latina pela Moody's, Mauro Leos fala e, entrevista sobre os indicadores econômicos e possibilidade de corte de rating do Brasil este ano

Paula Barra

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SÃO PAULO – Após a agência de classificação de risco Standard & Poor’s ter rebaixado o rating do Brasil em março, os olhos do mercado voltaram-se para qual seria a próxima agência a seguir o mesmo caminho. Por um tempo, pensou-se que a Moody’s seria a segunda a promover esse corte, mas passado um mês a agência disse que iria esperar o anúncio do programa econômico do novo governo que será eleito em outubro deste ano para reavaliar a decisão de manter a nota e a perspectiva estável.

Com a missão de dar a nota que pode atrair ou afastar investidores de países da região e à frente do departamento de América Latina da Moody’s, o economista Mauro Leos conversou com o InfoMoney sobre o assunto.

Na entrevista, Leos fala sobre a piora nos indicadores do Brasil (apesar da decisão de manter a nota do Brasil, as projeções para os indicadores econômicos do País pioraram, segundo relatório de abril da Moody’s) e qual seria o principal desafio do próximo presidente do País, seja com a continuidade de Dilma Rousseff ou a vitória da oposição.  

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Confira abaixo a entrevista na íntegra com o vice-presidente da Moody’s para América Latina, Mauro Leos:

InfoMoney: No início do ano, a agência disse que manteria a nota do Brasil caso os indicadores econômicos ficassem parecidos com os de 2013. Naquela ocasião, a projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deste ano era de 2%, agora já é 1,8%, enquanto projeções do mercado, medidas pelo Focus, já apontam para 1,6%. Em sua opinião, o que explica a piora nos indicadores brasileiros?

Mauro Leos: Recentemente os estímulos externos que vinham sustentando crescimento na América Latina perderam força, como taxas de juros internacionais baixíssimas e preços de commodities favoráveis a exportadores. O crescimento da economia mundial voltou a ser mais equilibrado, com as economias avançadas mostrando maior vigor e as economias em desenvolvimento com uma maior moderação. Além disso, o Brasil adotou políticas expansionistas nos últimos anos que, apesar de terem ajudado a passar pela grande crise de 2009, contribuíram com uma piora dos índices.

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IM: Se vier um racionamento este ou no próximo ano pode destravar um corte no rating do Brasil?

ML: Um racionamento deve ter um impacto maior em setores específicos, não tanto no rating soberano.

IMQual desafio do próximo presidente do Brasil, seja a continuidade de Dilma ou a vitória da oposição?

ML: Uma análise do ponto de vista fiscal nos permite afirmar que, dentre os maiores desafios, está conseguir reverter a tendência altista dos indicadores de dívida. Além disso, consideramos importante que o crescimento econômico volte ao seu potencial de 3% ao ano, e também é preciso que o nível de investimento supere os 20% do PIB.

IM: Há algum risco do Brasil ter o rating revisado ainda este ano?

ML: Todos os ratings são permanentemente monitorados e ajustados na medida do necessário.

IM: Em sua opinião, qual a leitura do mercado quando o presidente do PT, partido atualmente no governo do País, diz que é contra a autonomia formal do Banco Central?

ML: A autonomia de bancos centrais é peça importante para análise da força institucional de um país, indicando independência na implementação de políticas monetárias. Vemos que no Brasil o BC tem atuado ao longo dos anos, de fato, como uma instituição autônoma.

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