Os atos dos novos prefeitos, balanço da Lava Jato, reclamação de Cunha da prisão e mais notícias da política

Os dias estão mais tranquilos em Brasília, mas o noticiário político continua movimentado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Legislativo ainda não voltou ao trabalho, mas o noticiário político é bastante movimentado já no início de 2017. Ainda mais porque esse ano marca o início da gestão dos novos prefeitos, que foram eleitos em outubro de 2016. No primeiro dia útil da gestão, alguns deles já fizeram anúncios e atos de destaque. Além disso, destaque para o noticiário do final de 2016, que segue repercutindo neste ano, como é o caso da Operação Lava Jato, que divulgou na última sexta-feira o balanço de 2016. Confira os destaques do noticiário político.

Ações dos novos prefeitos
Na manhã desta segunda-feira, um dia após ser empossado prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) cumpriu a promessa e se vestiu de gari. Ele  afirmou que vai se vestir dessa maneira e limpar as ruas da cidade todas as semanas até o fim de sua gestão. “Todas as semanas em quatro anos. Podem anotar, registrar. E olha, acordem cedo, hein!”, afirmou aos jornalistas. 

“Bom dia São Paulo que amanhece trabalhando! Estou na Praça 14 Bis, ao lado dos 22 secretários e dos 32 prefeitos regionais desde as 5h30, dando início ao programa Cidade Linda. Esse é o primeiro dia de uma gestão incansável em busca de uma cidade digna”, disse Doria pelo Facebook.  Em sua posse, no último domingo, Doria afirmou que a prioridade de seu governo serão os pobres. “A prioridade serão os mais humildes e mais pobres dessa cidade. Não se esqueçam. A partir de hoje, essa é a nossa prioridade”, disse. Ele afirmou ainda que não irá se candidatar à reeleição. “Não sou favorável. Não disputarei”, falou.

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Já o novo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), exonerou cerca de 2,8 mil funcionários municipais que ocupavam cargos comissionados. A decisão, tomada um dia após a posse, foi divulgada no Diário Oficial do Município . A prefeitura não divulgou o impacto financeiro dos cortes, mas anunciou que a medida antecipa um projeto de lei de reforma administrativa que será enviado à Câmara Municipal. Parte desses funcionários exonerados, porém, serão recompostos com nomes da confiança da nova gestão. Além das secretarias, diversos órgãos públicos municipais também foram afetados pelas exonerações. 

O novo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), disse que estuda criar uma taxa de turismo como forma de aumentar a arrecadação do município. O imposto, “de R$ 4 ou R$ 5”, seria cobrado do turista nos hotéis. O prefeito falou sobre a ideia ao comentar a redução da receita do município, com a queda de arrecadação de ISS (Imposto Sobre Serviços) e ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Intervivos, que incide sobre venda de imóveis).

Cunha reclama de desunião do Centrão
A última sexta-feira trouxe como destaque no noticiário político uma reclamação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para o  deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que fez uma visita a ele Complexo Médico Penal, em Pinhais, na região metropolitana da capital paranaense.

 Segundo informa a Folha de S. Paulo, os dois conversaram por cerca de meia hora em um parlatório, por interfone, separados por uma placa de vidro. Cunha reclamou da desunião do Centrão na disputa para a presidência da Câmara. “Coloquei para ele que Rodrigo [Maia] era uma candidatura forte. Ele disse que era burrada do centrão não estar unido, mas não expressou brabeza com Rodrigo”, disse Marun para o jornal. 

Vale destacar que o opositor ao Centrão para a presidência da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou em entrevista ao Estadão que aposta que a aprovação da reforma da Previdência será feita no Congresso no primeiro semestre e representará um marco na retomada do crescimento do País. Ele avalia que a votação dessa e de outras reformas passarão confiança para investidores sobre a seriedade do novo governo. Um dos citados em delação feita por um executivo da Odebrecht, Maia nega as acusações e defende as investigações da Lava Jato. E diz que elas não vão atrapalhar a agenda de reformas.

R$ 103 milhões para a empresa de Lulinha
Os principais financiadores da Gamecorp, empresa que pertence a um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, injetaram ao menos R$ 103 milhões na companhia, segundo um laudo elaborado na Operação Lava Jato obtido pelo jornal Folha de S. Paulo e divulgado na sexta-feira. A cervejaria Petrópolis e empresas ligadas à Oi são os principais remetentes desses recursos. A Oi Móvel e a Telemar Internet, ligadas à empresa de telefonia, colocaram cerca de R$ 82 milhões na empresa, em valores não corrigidos.

Em 2005, a Oi já tinha investido R$ 5,2 milhões na Gamecorp. A Polícia Federal e o Ministério Público chegaram a investigar o aporte na época, mas arquivaram as apurações em 2012.

A Gamecorp está em nome de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, e dos sócios Kalil Bittar, Fernando Bittar e Leonardo Badra Eid. Segundo o jornal, o laudo não traz conclusões a respeito desses repasses e está anexado a um dos inquéritos sobre o ex-presidente na Lava Jato.  Entre os financiadores, também está o iG, Internet Group do Brasil, que foi da Oi até 2012. A Cervejaria Petrópolis, dona da Itaipava, investiu R$ 6 milhões na empresa de Lulinha.

A defesa de Lula afirma que a companhia de telefonia é acionista da Gamecorp e participa de sua administração. A Oi alega que contrata a Gamecorp para serviços de produção do canal que exibe a programação da Oi TV e os direitos de transmissão do canal Play TV. Já o grupo Petrópolis afirma que os pagamentos se referem a “serviços prestados para implantação de TV corporativa” da empresa e também veiculação de publicidade.

Balanço da Lava Jato
O ano de 2016 foi o mais produtivo da Lava Jato, operação que apura o esquema de desvio de recursos públicos da Petrobras e outros órgãos da administração federal. A avaliação é do Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR), responsável pela condução da força tarefa desde 2014.

Em balanço divulgado na quinta-feira (29), a procuradoria paranaense relata que em 2016 foram deflagradas 17 operações e oferecidas 20 denúncias contra acusados pelos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiros e organização criminosa. O número supera as ações realizadas nos dois anos anteriores.

Em 2016, também ocorreu a terceira restituição de recursos aos cofres da Petrobras, por meio de acordos de delação premiada e de leniência. Em novembro, a empresa recebeu de volta mais de R$ 204 milhões, o maior valor já devolvido pela justiça criminal brasileira a uma vítima. Desde o início da operação, aproximadamente R$ 500 milhões foram devolvidos à Petrobras.

Segundo a nota, de 2014 até o momento foram cumpridos 103 mandados de prisão temporária, 79 de prisões preventivas, 730 de busca e apreensão, 197 de condução coercitiva e seis prisões em flagrante. A prisão do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, em novembro, foi uma das ações desenvolvidas este ano pelo MPF-PR em parceria com a procuradoria fluminense.

A investigação da procuradoria paranaense aponta que o valor das propinas pagas no esquema superam R$ 6,4 bilhões e o total de prejuízos pode ultrapassar R$ 40 bilhões. A revelação dos crimes já resultou em 120 condenações e mais de 1.200 anos de pena.

(Com Agência Estado e Agência Brasil) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.