Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta terça-feira

Confira no que ficar de olho nesta terça-feira antes de operar na B3

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A crise política deve seguir dando o tom do mercado brasileiro, ainda mais por conta da decisão da S&P de colocar o rating BB do Brasil em watch negativo, para possível rebaixamento, enquanto o governo Temer tenta mostrar normalidade e avançar as reformas. Por aqui, na agenda econômica, chama a atenção o IPCA-15 enquanto, lá fora, destaque para os dados fortes da zona do euro. Confira no que se atentar nesta terça-feira: 

1. Bolsas mundiais

As bolsas europeias registram um dia de ganhos na esteira de fortes dados econômicos da zona do euro. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, que mede a atividade nos setores industrial e de serviços, ficou em 56,8 em maio, inalterado ante abril e no maior nível em seis anos, segundo dados preliminares publicados hoje pela IHS Markit.  A leitura acima da marca de 50,0 indica que a atividade econômica do bloco continua se expandindo neste mês. Apesar de ter se mantido estável, o resultado surpreendeu analistas consultados pela Dow Jones Newswire, que previam leve queda do indicador a 56,6.

Já a economia da Alemanha acelerou no primeiro trimestre ajudada pelas exportações fortes, aumento da construção e gastos mais altos de famílias e do governo. A maior economia da Europa cresceu 0,6 por cento no primeiro trimestre sobre o trimestre anterior, contra 0,4 por cento nos últimos três meses do ano passado, informou nesta terça-feira a Agência Federal de Estatísticas, confirmando a leitura preliminar. Por outro lado, o mercado segue de olho nos desdobramentos do ataque que deixou pelo menos 22 mortos e 50 feridos em Manchester, no Norte da Inglaterra, em show da cantora pop Ariana Grande na noite de ontem. 

Na Ásia, por sua vez, o  índice acionário de Xangai caiu pelo segundo dia seguido nesta terça-feira, com os ganhos no setor financeiro aliviando apenas parcialmente as preocupações com as medidas de aperto da política monetária. Ao longo dos últimos dois meses investidores têm lidado com um controle regulatório sobre práticas arriscadas de empréstimo e uma mudança na direção de uma política monetária mais apertada, conforme Pequim amplia as medidas para neutralizar os riscos financeiros. Um assessor do banco central da China afirmou na segunda-feira que o Banco do Povo da China continuará a implementar ajustes razoáveis à política monetária. 

No mercado de commodities, o petróleo caiu após quatro altas seguidas; Opep reúne-se quinta-feira para decidir se prolonga cortes de produção. O minério também tem baixa. 

Às 8h13, este era o desempenho dos principais índices:

*FTSE 100 (Reino Unido) +0,32%

*CAC-40 (França) +0,78%

*DAX (Alemanha) +0,62%

*Xangai (China) -0,45% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) +0,05% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,33% (fechado)

*Petróleo WTI -0,47%, a US$ 50,89 o barril

*Petróleo brent -0,50%, a US$ 53,60 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian -3,23%, a 479 iuanes

*Minério spot negociado em Qingdao, na China -1,88%, a US$ 62,00 a tonelada

2. Crise política e seus efeitos

Em meio à crise política, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s anunciou na segunda-feira que colocou a perspectiva de crédito soberano do Brasil em observação negativa. A nota atribuída pela agência ao país é BB. Segundo a S&P, após recentes alegações de corrupção contra o presidente Michel Temer, o cenário político do Brasil voltou a se tornar mais complicado. Segundo a S&P, a observação negativa reflete o risco de corte no rating nos próximos 3 meses em meio ao maior estresse na dinâmica política. O ministério da Fazenda comentou o anúncio da S&P: “o CreditWatch (observação) é um alerta de curto prazo para a classificação de risco e, no caso do Brasil, reflete aumento da incerteza relacionada aos eventos políticos recentes”.

Neste cenário, o governo apelou para a economia para tentar sobreviver à crise que ameaça o presidente Michel Temer. A equipe econômica, especialmente o ministro Henrique Meirelles, recebeu a tarefa de acalmar o mercado e mostrar que “o governo não tinha acabado”. Neste sentido, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na véspera que a votação em plenário da reforma da Previdência deve começar entre os dias 5 e 12 de junho.

Por fim, o relator da reforma trabalhista nas comissões de Assuntos Econômicos e de Assuntos Sociais do Senado, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), disse nesta segunda-feira que apresentará seu parecer na CAE na terça-feira, buscando retomar o cronograma anunciado na semana passada antes da crise política. Ferraço havia suspendido o cronograma de tramitação da reforma trabalhista, uma das medidas prioritárias do Palácio do Planalto, na última quinta-feira. 

Vale destacar que Meirelles participa hoje de seminário de financiamento e garantias para infraestrutura, em São Paulo, às 11h30. Já o presidente do Banco Central Ilan Goldfajn tem atividades de trabalho em Brasília, sem compromisso público.

3. Mais notícias da política

A Polícia Federal deflagrou na manhã de hoje a Operação Panatenaico para investigar organização que fraudou e desviou recursos das obras de reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha para a Copa do Mundo de 2014. De acordo com a PF, a obra, orçada em cerca de R$ 600 milhões, custou mais de R$ 1,5 bilhão. “O superfaturamento, portanto, pode ter chegado a quase R$ 900 milhões”. 

Cerca de 80 policias federais cumprem 15 mandados de busca de apreensão, dez de prisão temporária, além de três conduções coercitivas, quando a pessoa é levada para depor e depois liberada. As medidas judiciais foram determinadas pela 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal (DF). Todas as ações ocorrem em Brasília e em outras cidades do DF. “Entre os alvos das ações de hoje estão agentes públicos e ex-agentes públicos, construtoras e operadores das propinas ao longo de três gestões do governo do DF.  A hipótese investigada pela Polícia Federal é de que agentes públicos, com a intermediação de operadores de propinas, tenham realizado conluios e assim simulado procedimentos previstos em edital de licitação”, diz nota da PF.

Ainda em destaque, a força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF) ofereceu ontem à Justiça Federal mais uma denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dessa vez envolvendo supostos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro relacionados a obras realizadas por empreiteiras no sítio de Atibia. Por fim, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou recurso para o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) para defender a prisão preventiva do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e do deputado federal licenciado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Na semana passada, o ministro Edson Fachin rejeitou individualmente o pedido de prisão e aceitou apenas o afastamento dos parlamentares do mandato. As acusações estão baseadas nas informações prestadas no acordo de delação premiada dos executivos da empresa JBS.

4. Agenda de indicadores

Em destaque na agenda brasileira nesta sessão, está o IPCA-15 referente ao mês de maio, a ser revelado pelo IBGE às 9h. Às 10h30, o Banco Central apresenta as notas do setor externo. 

Nos EUA, atenção para a bateria de indicadores, com a divulgação do PMI composto, industrial e de serviços pelo Markit às 10h45. Já às 11h, atenção para os dados de vendas de novas moradias de abril no país e a sondagem industrial de Richmond. Atenção ainda para os discursos dos presidentes do Federal Reserve de Mineapólis Neel Kashkari às 16h15 e de Patrick Harker, do Fed da Filadélfia, às 18h. 

5. Noticiário corporativo

Após uma queda histórica de 31% na véspera, as ações da JBS seguem no radar dos mercados. A companhia sofre ação coletiva de investidores nos EUA sobre alegada corrupção e transações suspeitas; também cita alegadas irregularidades com BNDES. Por outro lado, ela informou que  as operações continuam em ritmo normal, dentro do plano de negócios” e que “tem uma situação financeira robusta e confia na qualidade de seus produtos e serviços”.  Além disso, a Petrobras vai oferecer 100% de participação em Juruá, enquanto a Eletrobras lança plano de incentivo à aposentadoria. No radar de recomendações, Locamerica é iniciada com recomendação neutra pelo Safra, enquanto a Lojas Americanas foi elevada de manutenção para compra pelo Santander.

(Com Reuters, Agência Brasil, Bloomberg e Agência Estado) 

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.