Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta terça-feira

Confira ao que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário é bastante movimentado nesta terça-feira. A base aliada do governo é testada com reforma trabalhista na CAS, enquanto Michel Temer, em viagem à Rússia, segue pressionado com inquérito da PF vendo indícios de corrupção. Aécio Neves deve ter pedido de prisão julgado hoje no STF, enquanto a sentença de Lula na Lava Jato pode sair também a partir de hoje. Confira os destaques desta terça–feira:

1. Bolsas mundiais

A sessão é de leves ganhos para as bolsas europeias, enquanto a libra tem baixa moderada contra o dólar após presidente do Bank of England, Mark Carney, destacar sua visão dovish sobre o Brexit, dizendo estar preocupado com impacto sobre a economia e que não se apressará em subir o juro tão cedo. Destaque ainda para as notícias sobre o Barclays: o Escritório de Fraudes Graves (SFO, na sigla em inglês) do Reino Unido apresentou nesta terça-feira acusações criminais contra o banco e quatro ex-executivos da instituição. A investigação se refere à conduta dos envolvidos em investimentos do Oriente Médio que resgataram o Barclays no auge da crise financeira. A ação do banco tem leve queda em Londres. Atenção ainda para os EUA, com as falas dos presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, às 9:15 e do presidente do Fed de Dallas, Robert Kaplan, às 16h. 

Já na Ásia, os mercados acionários da China caíram em meio a preocupações persistentes sobre as condições de liquidez, mesmo com os investidores aguardando a decisão do MSCI sobre se incorpora as ações do país ao seu Índice de Mercados Emergentes. 

Muitos investidores prevêem que as chamadas ações “A” que compõem a maior parte do mercado acionário da China serão incluídas pelo MSCI, que rejeitou isso em três ocasiões anteriores. As injeções generosas de dinheiro pelo banco central estão ajudando a manter uma certa calma nos mercados financeiros da China, mas as taxas de juros do mercado estão persistentemente altas, refletindo as preocupações de que as condições de liquidez permanecem mais apertadas do que o comum. Já o índice Nikkei japonês subiu depois de atingir a máxima de quase dois anos, incentivado pela recuperação das ações de alta tecnologia dos EUA, já que os investidores apostam no crescimento sólido da economia e nos lucros das empresas globalmente. 

No mercado de commodities, o petróleo cai ao menor nível em sete meses, rompendo os US$ 44, com alta da produção líbia, enquanto o minério de ferro tem leve baixa em Dalian e alta em Qingdao, na China. 

Às 8h10, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,26%

*FTSE (Reino Unido) +0,16%

*DAX (Alemanha) +0,23% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,31% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) -0,13% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,81% (fechado)

*Petróleo WTI -1,83%, a US$ 43,39 o barril

*Petróleo brent -1,73%, a US$ 46,10 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian -0,69%, a 431 iuanes

*Minério spot negociado em Qingdao, na China +0,27%, a US$ 56,45 a tonelada

2. Agenda econômica

Em destaque na agenda de indicadores, o Ministério do Trabalho divulga às 15h30 os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) referentes ao mês de maio. A estimativa, de acordo com economistas consultados pela Bloomberg, é de criação de 18.114 vagas de trabalho.

Antes, disso, às 10h, a Receita Federal  divulgará a arrecadação do mês de maio, que deve ter recuado para R$ 99,4 bilhões, segundo estimativa mediana em pesquisa Bloomberg, ante R$ 118 bilhões do mês anterior. 

Já a batalha do governo pela aprovação da reforma trabalhista terá um novo capítulo hoje, quando o relatório será votado na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS). Mesmo que o parecer seja rejeitado pelos parlamentares, o texto segue em tramitação e vai para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes da apreciação final no plenário – esperada para acontecer na próxima semana.  O governo descarta a hipótese de acelerar o processo, mas, caso necessário, um acordo de líderes pode encurtar o calendário e levar o assunto diretamente ao plenário.

3. Temer na Rússia, mas…

O presidente Michel Temer chegou a Moscou para visita à Rússia e participa durante o dia de ­seminário de Captação de Investimentos Russos no Brasil. Seu primeiro compromisso oficial é um encontro com o deputado Vyacheslav Volodin, presidente da Duma, o Parlamento russo.

Mesmo fora do Brasil, a crise política do governo segue no radar. Ontem, a Polícia Federal enviou um relatório ao STF (Supremo Tribunal Federal) em que afirmou que as investigações indicam que houve a prática de corrupção passiva no caso envolvendo o presidente Michel Temer e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures. Apesar disso, a PF pediu um prazo maior ao ministro Edson Fachin para finalizar o relatório. De acordo com a publicação, a polícia não se manifestou sobre obstrução de Justiça porque depende da perícia das gravações secretas feitas por Joesley Batista, um dos donos da JBS, e que ainda não foram concluídas.

Também ontem, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em nota redigida da prisão, disse que o empresário Joesley Batista, dono da JBS, mentiu em entrevista à revista “Época” divulgada neste fim de semana. O peemedebista afirmou que o empresário se encontrou com ele e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2016, para discutir os pedidos de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, que tramitavam na Câmara. No texto, feito à mão, Cunha diz ainda que vai pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que o acordo de delação de Joesley junto ao Judiciário seja anulado. “Espero que o STF reveja esse absurdo e bilionário acordo desse delinquente”. Ontem, Temer entrou com processos contra Joesley por calúnia e difamação. 

4. Aécio no STF e Lula com Moro

Nesta terça, a Primeira Turma do STF analisa o pedido de prisão feita pela PGR contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) em sessão prevista para as 14h. Contudo, vale destacar que, se a Primeira Turma aceitar o pedido de prisão de Aécio, a decisão que pode levá-lo para a prisão passará pelo plenário do Senado e, com 41 votos contrários, a prisão pode ser suspensa. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, considerado crucial nas decisões do Senado, o PMDB já sinalizou que só votará contra eventual pedido de prisão de Aécio se os tucanos demonstrarem apoio incondicional a ele. Ontem o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL), evitou se comprometer e afirmou não ser possível fazer um prognóstico do caso antes da decisão do Supremo.

Além disso, terminados os prazos de defesa dos réus, a partir desta terça-feira poderá sair a qualquer momento a sentença do juiz Sérgio Moro no caso triplex do Guarujá, em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de ter recebido o apartamento da construtora OAS. Essa será a primeira sentença na Operação Lava Jato.  Conforme destaca o jornal Valor Econômico, conhecido por sua celeridade, Moro já chegou a proferir sentença de até 160 páginas horas depois da apresentação das alegações finais da defesa, algo que os advogados do ex-presidente devem fazer até o fim do dia. Confira mais clicando aqui.

5. Noticiário corporativo

O noticiário corporativo é bastante movimentado. A Petrobras afirmou que seu conselho de administração aprovou na segunda-feira um acordo para encerrar uma ação individual proposta perante a Corte Federal da Pensilvânia (EUA) por um grupo de afiliadas do The Vanguard Group, um dos maiores acionistas da companhia. Já em resposta a questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre matéria veiculada semana passada pelo jornal O Estado de São Paulo, de que a empresa contratou Bradesco BBI e Itaú Unibanco para assessorá-la em oferta pela Eldorado, a Suzano afirmou que “permanentemente avalia e se prepara para possibilidades de fusões e consolidação”. 

A Fras-Le aprovou dividendos de R$ 26,5 milhões relativos ao primeiro semestre de 2017, a Gol elevou as projeções de margens Ebitda e operacional para 2017, a CSN indica Pedro Brito no lugar de Benjamin Steinbruch na Transnordestina e a Triunfo informou a assinatura da venda de Portonave por R$ 1,3 bilhão. Além disso, destaque para a entrevista do presidente da Oi Marco Schroeder para o G1 afirmando que, a cada dia que passa, aumenta a probabilidade de intervenção da Anatel na empresa. 

(Com Reuters, Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.